“Na vida só há um modo de ser feliz. Viver para os outros.”

Léon Tolstoi

sábado, 25 de maio de 2013

Educação: Jovens e seu potencial criativo na resolução de conflitos

Conflito é diferente de violência. Esta lição, aparentemente simples, ainda é pouco compreendida em ambientes escolares, onde a cultura da hierarquia e da punição produzem relações tensas e graves problemas de intolerância e incompreensão entre os alunos, e também com seus professores e a direção. A Justiça Restaurativa, aplicada à Educação, pode ser uma resposta eficaz a tamanho desafio. O projeto Jovens e seu potencial criativo na resolução de conflitos é uma realização do CECIP – Centro de Criação de Imagem Popular – com patrocínio da Petrobras e apoio e parceria da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME). Visa contribuir para a ampliação da Cultura de Paz, buscando respostas efetivas a situações de conflito e violência no âmbito das escolas e da comunidade de entorno. Lança mão do empoderamento do cidadão, da responsabilização, do respeito, da implantação do diálogo como resolução pacífica de conflitos e preservação estrita do cumprimento aos direitos fundamentais de todos os sujeitos envolvidos. A metodologia deste projeto foi experimentada, com êxito, em cerca de 60 escolas municipais no Estado de São Paulo. Construída ao longo de cinco anos, está sistematizada diversos materiais produzidos pelo CECIP (veja abaixo). O que se propõe é outra forma de resolução de conflitos, na qual a cultura da punição é substituída pela busca das causas que levaram ao ato violento, suas consequências e a responsabilização dos danos por parte dos que o cometeram. Esse processo será apoiado por representantes da comunidade e da rede de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, vivenciando um procedimento de Justiça Restaurativa. O projeto Jovens e seu potencial criativo na resolução de conflitos trabalha com a comunidade escolar (alunos, educadores, gestores, funcionários, familiares) de 50 escolas da rede municipal do Rio de Janeiro, por meio da formação de adolescentes (entre 15 e 17 anos) e educadores que serão os difusores da Cultura de Paz. Em relativamente pouco tempo, os resultados começaram a aparecer. “O que nós decidimos fazer com o conflito é o que pode se tornar violência, ou não”, comenta um jovem. “Conhecendo melhor meus alunos, posso conviver com nossos conflitos”, aprendeu um professor. “Escutar muito foi a única maneira para ensinar a escutar. Ainda bem que os jovens me ensinaram isso”, disse uma facilitadora do CECIP. Os jovens protagonistas, com o apoio da comunidade escolar, irão implementar processos circulares (prática de resolução de conflitos) em seus espaços de atuação, visando contribuir para a transformação de escolas e seu entorno em um lugar de convivência pacífica, segura, de respeito à diversidade e sem preconceito. Atividades: Ano I - Formação de cinco adolescentes (8º e 9º anos) e um educador por escola, totalizando 250 adolescentes e 50 educadores. - Módulos de Tecnologias de Informação e Comunicação, com oficinas específicas. - Acompanhamento das ações desenvolvidas pelos jovens, feito em conjunto por uma pessoa indicada pela escola e por um facilitador. Ano II - Cada jovem capacitado no ano I mobilizará mais dois jovens para participar da formação. Cada educador mobilizará outros dois colegas, consolidando assim uma metodologia de trabalho. - Os registros das atividades serão sistematizados em uma publicação para a disseminação da metodologia e divulgação dos resultados. Justiça Restaurativa & Educação A Justiça Restaurativa (JR) é um modelo baseado na resolução de conflitos a partir de uma lógica distinta da punitiva e retributiva. Os valores que regem a JR são o empoderamento, a participação, a autonomia, o respeito, a busca de sentido e de pertencimento na responsabilização pelos danos causados, mas também na satisfação das necessidades que emergem da situação de conflito. Esses valores têm demonstrado a possibilidade de se alcançar o restabelecimento do senso de justiça, dignidade e segurança em termos diferentes daqueles que levaram à situação de conflito. A Justiça Restaurativa é a arte do encontro e do reencontro. Espera-se chegar, por meio do conhecimento do porquê dos atos cometidos, e das consequências desses atos, à reparação dos danos causados – tanto emocionais como materiais. As experiências já realizadas mostram que é possível reverter o quadro de violência causado pela deterioração de valores e pelo individualismo exacerbado. Práticas bem-sucedidas em países tão diversos como Nova Zelândia, Canadá, África do Sul e Reino Unido, entre outros, comprovam a viabilidade do trabalho de fortalecimento dos direitos de cidadania. As práticas restaurativas contribuem para que a Educação e a Justiça cumpram sua função pedagógica, social e libertária, transmitindo valores, possibilitando o empoderamento consciente de todos envolvidos numa situação de conflito e a restauração do valor justiça. Em São José dos Campos, alunos e professores recebem capacitação para resolver conflitos e melhorar o ambiente escolar. Conheça o mais recente boletim produzido pelo projeto Círculos Restaurativos no município. ** O tempo corre de maneira intensa e muita coisa já aconteceu. Em 2012, iniciamos a terceira turma de capacitação do Projeto Círculos Restaurativos. A proposta se renovou, enfatizando a convivência, o trabalho preventivo das escolas, os investimentos em círculos de paz e nas relações humanas acima de tudo. As técnicas continuam sendo aprendidas, mas misturam duas grandes possibilidades: investimentos preventivos e investimentos curativos, voltados tanto para a precaução como para resolução de conflitos respectivamente. (Mariusa Romano, coordenadora do projeto Círculos Restaurativos em São José dos Campos) Hoje, ainda não atingimos a perfeição, mas os alunos, em sua maioria, são nossos colaboradores, pois se veem algo “errado” na escola, como sujeira ou danos materiais, nos avisam e demonstram indignação, ou seja, defendem a escola e são parceiros da equipe de liderança. (Equipe de Liderança da Escola Municipal Norma di Conti) Fonte: http://www.cecip.org.br

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