“Na vida só há um modo de ser feliz. Viver para os outros.”

Léon Tolstoi

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Dislexia: “Nem sempre é o que parece"


João Alberto Ianhez

Ex-Presidente Voluntário da ABD (1998-2005) Atual Vice Presidente do Conselho Superior da ABD.

Talvez por soar como se fosse uma palavra que caracteriza uma doença, é que o termo dislexia afasta tanto as pessoas e alguns pais, que acreditam ser o fim do mundo ter um filho disléxico. Isto ocorre por total falta de informação. O disléxico está muito bem acompanhado por personalidades em todos os campos da genialidade. Adequadamente diagnosticado e encaminhado, se transformará em um profissional de destaque na área em que atuar.

Isto é tão comum de ocorrer que na ABD-Associação Brasileira de Dislexia cunhamos um slogan: “Você é disléxico. Então você pode ser um gênio.” Outro problema é que a maioria das pessoas, mesmo não sendo disléxicas, apresenta pelo menos um dos sinais que identifica a dislexia. O medo e o desconhecimento são companheiros inseparáveis da omissão. E é isto que ocorre no ensino brasileiro, em cerca de 99% das escolas públicas e particulares, não só com a dislexia, mas com tudo que diz respeito aos distúrbios de aprendizagem. Só na área de dislexia pesquisas comprovam a incidência em cerca de 15% da população.

O número é assustador, mas ainda não assustou as autoridades, nem sensibilizou empresários, principalmente aqueles atuantes nas áreas de comunicação escrita, que estão perdendo clientes e deixando de lado a oportunidade de ampliar seus quadros de potenciais leitores, assinantes e compradores. Além disso, qual a situação dos pais que têm seus filhos com dificuldades de aprendizagem com problemas na escola, matando aulas e insistindo com eles no abandono da escola? A maioria das deserções escolares são devidas aos distúrbios de aprendizagem. Eles levam também ao caminho das drogas e do alcoolismo. Será que pais que enfrentam esses problemas têm condições de tocarem suas vidas de forma normal? As empresas estão preocupadas com isso? As áreas de recursos humanos sabem como agir, para apoiar esses pais?

Os disléxicos se sentem diferentes. Eles são diferentes. Mas possuem potenciais, em determinadas áreas, que os destacarão, pois, geralmente, possuem QI superior. Justificam-se as preocupações dos pais, mas, seguindo o caminho correto, o resultado é altamente gratificante para eles e para seus filhos. As transformações que vivenciamos na ABD nas crianças, jovens e adultos disléxicos, depois de identificadas as razões de suas dificuldades, a evolução e a mudança de postura, após o encaminhamento adequado, são emocionantes, são gratificantes. È por isto que um grupo de abnegados, pais, disléxicos e profissionais, mantêm a entidade funcionando sem apoio de recursos públicos e com parcos recursos de doações. Portanto, as diferenças dos disléxicos são perfeitamente contornadas. Em vez de se constituirem em pontos negativos, podem se transformar em condições para uma vida escolar normal e de destaque na vida profissional.

Após todas estas considerações, é importante definirmos sobre o que estamos falando. A palavra dislexia é derivada de: dis = distúrbio e lexia que, em grego, quer dizer linguagem e, em latim, leitura, portanto, dislexia é um distúrbio de linguagem e/ou leitura.

Fonte: http://www.dislexia.org.br

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