“Na vida só há um modo de ser feliz. Viver para os outros.”
Léon Tolstoi
sábado, 31 de março de 2012
Vejam os eventos confirmados para o Dia Mundial de Conscientização do Autismo de 2012 (2/abril) - no Brasil e em Portugal.
Eventos programados para o Brasil
AM - MANAUS
* Teatro Amazonas estará iluminado de azul, dia 2/abril
MG - Belo Horizonte
* O prédio da OAB-MG estará iluminado de azul na semana de 2/abril
* Encontrão com os amigos dos Autistas, na Praça da Liberdade, em frente ao Palácio do Governo de MG, dia 1/abril, 9h00
MG - CONTAGEM
* Palestra sobre Transtornos do Espectro do Autismo, na Câmara, dia 31/março, 14h00
GO - ANÁPOLIS
* Estarão iluminados de azul o Monumento Centenário, a prefeitura, Caça Mirrage na praça Americano do Brasil, pontos da Praça Ipiranga e a Igreja de Santana, dia 2/abril.
PB - JOÃO PESSOA
* Evento no Busto de Tamandaré, na divisa das praias de Tambaú e Cabo Branco, 1/abril, a partir das 17h00 - Realização: ASAS
RJ - RIO DE JANEIRO
Cristo Redentor estará iluminado de azul no dia 2/abril, tendo uma celebração simbólica do dia 2/abril, segunda-feira - Organização: Adefa (RJ) e Autismo & Realidade
* Estará iluminado de azul também o prédio da OAB/RJ, dia 2/abril
* I Jornalda Científica Mundo Azul: compartilhando atualizades e experiências sobre autismo, dia 31/março, no teatro do CEC - realização: Mundo Azul
* Caminhada na praia do Leblon, 1/abril, a partir das 9h00 - Realização: Mundo Azul
* Evento "Autismo: conhecer e agir!", na OAB-RJ, dia 13/abril de 9h00 a 13h00 - Realização: OAB-RJ - Apoio: UCB
RJ - VOLTA REDONDA
* Estarão iluminados de azul a Prefeitura, a Secretaria Munic. de Educação, a Sec. Mun. de Saúde, Sec. Mun. de Ação Comunitária, Câmara, a Escola E. Profª Dayse Mansur (para crianças autistas), o Sítio-Escola SEMEIA (para adolescentes e adultos autistas), o CAPS II Belvedere, o Chafariz da Rodoviária, o Chafariz da Praça Brasil, a Torre do Moinho no Aterrado e o UFF Campus Aterrado, de 28/março a 4/abril - Organização: Apadem
* Será realizada a 3ª Semana de Conscientização do Autismo de Volta Redonda, de 28/março a 4/abril - Realização: Apadem
RS - PORTO ALEGRE
* Estarão iluminados de azul a chaminé da Usina do Gasômetro e o Monumento do Laçador, na semana de 2/abril - Realização: Autismo e Vida
* Caminhada junto a Brique da Redenção, 1/abril, 11h30 - Realização: Autismo e Vida
* Concerto da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, dia 3/abril - Realização: Autismo e Vida
* Pocket show na Usina do Gasômetro com a participação das Bandas "Papas da Língua" e "Chimarruts" e da dupla sertaneja "Edu e Renan". Abertura com a Banda "Ilusão de Ótica". Entrada franca, dia 2/abril, 20h00 - Realização: Autismo e Vida
* Palestra com dr. Carlos Gadia, intitulada "Autismo: Como chegamos até aqui e para onde vamos", na Assembleia Legislativa do RS, dia 3/abril, 17h00 - Realização: Autismo e Vida
* Jogadores do Sport Club Internacional entrarão com faixa alusiva ao "Dia Mundial de Conscientização do Autismo", em jogo contra o Santos FC, no Gigante da Beira-Rio, dia 4/abril, 22h00 - Realização: Autismo e Vida
* Colocação de 15 outdoors espalhados pela cidade. 10 serão com informação sobre o dia 2 de abril e 5 deles terão frases do tipo: "Autismo. Voce sabe o que é?" - Realização: Autismo e Vida
* Concentração no Parque da Redenção, dia 1/abril, das 9h00 às 17h00, com tendas, recreação infantil, distribuição de balões e cataventos azuis e panfletos informativos, entre outras atividades - Realização: Autismo e Vida
* Concentração no Parque da Redenção, dia 1/abril, a partir das 15h00, com a distribuição de panfletos informativos e uma caminhada em seguida - Realização: AMA-RS
* Tarde de Estudos, dia 31/março: AMA-RS
RS - MONTENEGRO
* Iluminação azul da Praça Central, de 26/março a 9/abril - Realização: Prefeitura de Montenegro
* Programa na TV Cultura abordando o assunto em questão - Organização: Autismo e Vida e Fundarte
* Escola Manoel Souza de Moraes no periodo de 26/março a 2/abril irá desenvolver diversas atividades internas com o objetivo de levar a informação aos alunos, pais e comunidade, culminando com a distribuição de panfletos pelos alunos, na Praça Central - Organização: Autismo e Vida e Escola Manoel S. Moraes
* Várias escolas vestirão azul no dia 2/abril
SC - FLORIANÓPOLIS
* Caminhada na Beira Mar Norte, dia 31/março, saída às 9h00 - Realização: GAIAS e AMA-Florianópolis.
SP - SÃO PAULO
Ponte Estaiada, Monumento às Bandeiras, Arco do Anhangabaú/Viaduto do Chá, Assembleia Legislativa Estadual e FIESP estarão iluminados de azul na semana de 1 e 2/abril - Organização: Autismo & Realidade
* Caminhada em prol do Autismo no domingo 1/abril, às 8h00, partindo da Ponte Estaiada (gratuito, quem puder faz uma doação espontânea) - Organização e realização: Autismo & Realidade
* Acontece o 3° Seminário Paulista sobre o Transtorno do Espectro do Autismo, nos dias 30 e 31/março, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, entrada gratuita (contato: mpa@movimentoproautista.com.br ) - Organização e realização: Defensoria Pública do Estado de São Paulo e Movimento Pró-Autista
* Lançamento da terceira edição da Revista Autismo em evento no Parque do Trote (Vila Guilherme), com atendimento odontológico com triagem e encaminhamento gratuiro para autistas, brinquedos infláveis, palhaços e passeio a cavaldo, dia 31/março, de 8h00 a 12h00 - Realização: Instituto Lumi e Revista Autismo
* Campanha Nacional pela Assistência e pelos Direitos da Pessoa com Autismo, 6 e 7/abril, no auditório do Hospital Cruz Azul - Realização: AMA-SP - Apoio: Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, SNPDP
SP - ATIBAIA
* Estarão iluminados de azul: o Hospital Novo Atibaia (HNA), a clínica AMHA Odonto, o Fórum de Justiça, o prédio da Viação Atibaia SP, a Rádio Mix FM, o Franz Café, o painel da Red Jack, o hospital Albert Sabin, a Câmara, AMHA Convênios, Hotel Bourbon Atibaia, o Fórum da Cidadania e o Centro de Convenções, nos dias 1 e 2/abril - Organização: grupo aMAIS, da ONG Cosnciência Solidária
SP - SANTA BÁRBARA D'OESTE
* Blitz do autismo, com entrega de material informativo a pedestres e motoristas, nos semáforos próximos ao Centro Social Urbano, dia 2/abril, das 8h00 às 12h00 - Realização: AMAI-SBO
SP - SÃO CARLOS
* Iluminação de azul do Cristo Redentor da rotatória do Shopping, dia 2/abril
* Barraca no Mercado para distribuição de panfletos e material informativo, dia 31/março.
SP - SOROCABA
* Será realizado o 1º Encontro do Autismo , dentro do 1º Simpósio de Estudos sobre a Inclusão da Pessoa com Deficiência - Realização: AMAS, Câmara Municipal e a UNIESP
* 1° Passeio Azul, passeio pedestre que tem como percurso o trilho da descida da Lagoa do Fogo, dia 1/abril - Realização: revista Código Diamante e Autismo – Pais em Rede
Eventos programados para Portugal
BRAGA - BRAGA
* Tertúlia subordinada ao tema: “Autismo: Abordagens e Metodologias” e divulgação do “Manual de Acolhimento a Pais e outros cuidadores de crianças com diagnóstico ou suspeita de PEA”, 31/março, 10h00 - Realização: AIA
* Caminhada Solidária organizada pela SchoolEventos e apoiada pelo Pingo Doce e Autarquia de Braga, 1/abril
* Serão iluminadas de azul a Fonte Luminosa e a Arcada, em 2/abril - Apoio: Autarquia Bracarense
LISBOA - LISBOA
* Evento no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, dia 2/abril, início às 9h30 (veja o cartaz) - Realização: Federação Portuguesa de Autismo
PORTO - PENAFIEL
* No Largo do Conde Torres Novas, Caminhada Pelo Autismo, Playlife e Animasport (8h30) e Entrega do Prémio "Amantes de Saturno" (19h00), com Jantar/Convívio, dia 1/abril - Organização: Eduardo Pizarro/Carla Fernandes "Os Amantes de Saturno"
PORTO - PORTO
* Caminhada e distribuição de panfletos, partida às 10h30, em frente ao Edifício Transparente no Porto, 1/abril - Realização: APEE Autismo
LEIRIA - LEIRIAO Castelo de Leiria estará iluminado de azul, dia 2/abril - Realização: Câmara de Leiria - Organização: APPDA-Leiria
* Ação de sensibilização no Largo do Papa, em frente ao Jardim Municipal, com ateliers vários e distribuição de informação - Realização: APPDA-Leiria
LEIRIA - CALDAS DA RAINHA (Foz do Arelho)
* Caminho Azul, a pé, de bicicleta, de trotinete, acessível a todos... a única condição uma peça de roupa Azul, dia 1/abril, 10h30 a 12h30 - Organização: Maria Viana
SETÚBAL - ALMADA
* Encontro e apresentação dos resultados preliminares do estudo “As crianças e jovens com P.E.A. no Distrito de Setúbal, uma abordagem pelos direitos humanos e qualidade de vida”, 31/março, 15h00 - Realização: APPDA Setúbal
Fonte: http://www.revistaautismo.com.br
2 de ABRIL - No Dia Mundial do Autismo, Brasil espera aprovação de lei pelos deputados
Todo 2 de abril comemora-se o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, data decretada pela ONU (Organização das Nações Unidas), desde 2008, pedindo mais atenção ao transtorno do espectro autista (nome "oficial" do autismo), cuja incidência em crianças é mais comum e maior do que a soma dos casos de AIDS, câncer e diabetes juntos. No Brasil estima-se que tenhamos 2 milhões de autistas, mais da metada ainda sem diagnóstico.
O Brasil fez o maior evento de sua história para a data no ano passado (2011) em todos os Estados. E agora, em 2012, repete-se com ainda mais força, monumentos serão iluminados de azul na data, como o Cristo Redentor (no Rio de Janeiro), a Ponte Estaiada, o Viaduto do Chá, o Monumento à Bandeira, a Fiesp e a Assembleia Legislativa (em São Paulo), a torre da Unisa do Gasômetro (em Porto Alegre), o prédio do Ministério da Saúde (em Brasília) e muitos outros locais (veja a lista completa em http://RevistaAutismo.com.br/DiaMundial. No mundo estarão iluminados também vários cartões-postais, como o Empire State Building (nos Estados Unidos), a CN Tower (no Canadá) entre outros — é o movimento mundial chamado "Light It Up Blue", iniciado pelos estadunidenses. O azul foi definido como a cor símbolo do autismo, porque a síndrome é mais comum nos meninos — na proporção de quatro meninos para cada menina. A ideia é iluminar pontos importantes do planeta na cor azul para chamar a atenção da sociedade, poder falar sobre autismo e levantar a discussão a respeito dessa complexa síndrome. O logo brasileiro do "Dia A", adaptado pelo publicitário Martim Fanucchi sobre a arte do logo oficial, assim como o cartaz e o vídeo da campanha estão disponíveis no site RevistaAutismo.com.br/DiaMundial, página oficial do evento no Brasil. Martim é editor de Arte da única revista a respeito dessa síndrome na América Latina, a Revista Autismo, uma publicação gratuita, sem fins lucrativos, feita por pais de autistas, que pode ser acessada íntegralmente no site citado, sem restrições
À ESPERA DOS DEPUTADOS FEDERAIS
Muitos podem pensar que autismo é algo raro, porém, os números aceitos pela comunidade internacional são de um autista para cada 110, estatística do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão do governo dos Estados Unidos. Números alarmantes, que deveriam colocar o autismo entre as prioridades nas políticas de saúde pública.
Em junho de 2011, o Senado aprovou um projeto de lei que garantirá direitos e atendimento aos autistas do Brasil — que atualmente não contam com tratamento pela rede pública de saúde. Para ir à sanção da presidente Dilma e virar lei, o projeto precisa ainda ser aprovado pela Câmara Federal, mas está parado sem entrar na pauta dos deputados há mais de oito meses. Muitos pais perguntam: "Até quando?" — o andamento do projeto pode ser acompanhado online em http://LeiFederal.RevistaAutismo.com.br com informações do site da Câmara. O autismo não é considerado uma deficiência física nem mental, portanto não se encaixa na maioria dos direitos já conquistados pelas pessoas com deficiências no país. No início deste ano, no Rio de Janeiro (RJ) e em Belo Horizonte (MG) pais se mobilizaram para derrubar vetos do Executivo a leis que beneficiam os autistas.
Outro episódio de destaque em 2011, foi o lançamento no Brasil do primeiro videoclipe a respeito de autismo, com a música "Até o Fim", da cantora Fantine Thó (ex-integrante do grupo Rouge), dirigido pelo cineasta Marco Rodrigues — o clipe pode ser visto online no Youtube e na MTV Brasil.
VÁRIOS NÍVEIS NO ESPECTRO
Um dos únicos consensos entre a comunidade médica em todo o mundo é de que quanto antes o diagnóstico for feito e o tratamento iniciado, melhor será a qualidade de vida da pessoa com autismo. A fim de auxiliar a descoberta precoce e para que a sociedade comece a conhecer os sutis sinais do autismo em bebês e crianças cada vez mais cedo, a editora M.Books está lançando o livro "Autismo — Não espere, aja logo!" (132 páginas, R$ 39), sem linguagem técnica, de leigo para leigo, do jornalista Paiva Junior, pai de um garoto que está no espectro do autismo e editor-chefe da Revista Autismo. O livro, que tem prefácio do neuropediatra José Salomão Schwartzman e contra-capa com texto do neurocientista Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia (EUA), poderá ser encontrado no site do autor (PaivaJunior.com.br) a partir de abril, o mês do autismo.
Para muitos, o autismo remete à imagem dos casos mais graves, porém há vários níveis dentro do espectro autista. Nos limites dessa variação, há desde casos com sérios comprometimentos do cérebro, até raros casos com diversas habilidades mentais, como a Síndrome de Asperger (um tipo leve de autismo) – atribuída inclusive aos gênios Leonardo Da Vinci, Michelângelo, Mozart e Einstein. Mas é preciso desfazer o mito de que todo autista tem “superpoderes”. Os casos de genialidade são raríssimos.
A medicina e a ciência, de um modo geral, sabem muito pouco sobre o autismo, descrito pela primeira vez em 1943 e somente 1993 incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da Organização Mundial de Saúde como um Transtorno do Desenvolvimento, que afeta a comunicação, a socialização e o comportamento.
Outro mito é o de que o autista vive em seu próprio mundo. Não. Ele vive em nosso mundo. Muitos autistas, porém, têm dificuldade em interagir e se comunicar, por isso não estabelecem uma conversa, ou mantêm uma brincadeira, e tendem a isolar-se — não porque querem, mas por não conseguirem. Ao pensar que o autista não tem um mundo próprio, teremos mais chances de incluí-lo em "nosso mundo" com o respeito que merecem, pois preconceito se combate com informação. Para contribuir, procure saber mais sobre o autismo e ajude a divulgar o 2 de abril.
Fonte:http://www.revistaautismo.com.br
O Brasil fez o maior evento de sua história para a data no ano passado (2011) em todos os Estados. E agora, em 2012, repete-se com ainda mais força, monumentos serão iluminados de azul na data, como o Cristo Redentor (no Rio de Janeiro), a Ponte Estaiada, o Viaduto do Chá, o Monumento à Bandeira, a Fiesp e a Assembleia Legislativa (em São Paulo), a torre da Unisa do Gasômetro (em Porto Alegre), o prédio do Ministério da Saúde (em Brasília) e muitos outros locais (veja a lista completa em http://RevistaAutismo.com.br/DiaMundial. No mundo estarão iluminados também vários cartões-postais, como o Empire State Building (nos Estados Unidos), a CN Tower (no Canadá) entre outros — é o movimento mundial chamado "Light It Up Blue", iniciado pelos estadunidenses. O azul foi definido como a cor símbolo do autismo, porque a síndrome é mais comum nos meninos — na proporção de quatro meninos para cada menina. A ideia é iluminar pontos importantes do planeta na cor azul para chamar a atenção da sociedade, poder falar sobre autismo e levantar a discussão a respeito dessa complexa síndrome. O logo brasileiro do "Dia A", adaptado pelo publicitário Martim Fanucchi sobre a arte do logo oficial, assim como o cartaz e o vídeo da campanha estão disponíveis no site RevistaAutismo.com.br/DiaMundial, página oficial do evento no Brasil. Martim é editor de Arte da única revista a respeito dessa síndrome na América Latina, a Revista Autismo, uma publicação gratuita, sem fins lucrativos, feita por pais de autistas, que pode ser acessada íntegralmente no site citado, sem restrições
À ESPERA DOS DEPUTADOS FEDERAIS
Muitos podem pensar que autismo é algo raro, porém, os números aceitos pela comunidade internacional são de um autista para cada 110, estatística do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão do governo dos Estados Unidos. Números alarmantes, que deveriam colocar o autismo entre as prioridades nas políticas de saúde pública.
Em junho de 2011, o Senado aprovou um projeto de lei que garantirá direitos e atendimento aos autistas do Brasil — que atualmente não contam com tratamento pela rede pública de saúde. Para ir à sanção da presidente Dilma e virar lei, o projeto precisa ainda ser aprovado pela Câmara Federal, mas está parado sem entrar na pauta dos deputados há mais de oito meses. Muitos pais perguntam: "Até quando?" — o andamento do projeto pode ser acompanhado online em http://LeiFederal.RevistaAutismo.com.br com informações do site da Câmara. O autismo não é considerado uma deficiência física nem mental, portanto não se encaixa na maioria dos direitos já conquistados pelas pessoas com deficiências no país. No início deste ano, no Rio de Janeiro (RJ) e em Belo Horizonte (MG) pais se mobilizaram para derrubar vetos do Executivo a leis que beneficiam os autistas.
Outro episódio de destaque em 2011, foi o lançamento no Brasil do primeiro videoclipe a respeito de autismo, com a música "Até o Fim", da cantora Fantine Thó (ex-integrante do grupo Rouge), dirigido pelo cineasta Marco Rodrigues — o clipe pode ser visto online no Youtube e na MTV Brasil.
VÁRIOS NÍVEIS NO ESPECTRO
Um dos únicos consensos entre a comunidade médica em todo o mundo é de que quanto antes o diagnóstico for feito e o tratamento iniciado, melhor será a qualidade de vida da pessoa com autismo. A fim de auxiliar a descoberta precoce e para que a sociedade comece a conhecer os sutis sinais do autismo em bebês e crianças cada vez mais cedo, a editora M.Books está lançando o livro "Autismo — Não espere, aja logo!" (132 páginas, R$ 39), sem linguagem técnica, de leigo para leigo, do jornalista Paiva Junior, pai de um garoto que está no espectro do autismo e editor-chefe da Revista Autismo. O livro, que tem prefácio do neuropediatra José Salomão Schwartzman e contra-capa com texto do neurocientista Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia (EUA), poderá ser encontrado no site do autor (PaivaJunior.com.br) a partir de abril, o mês do autismo.
Para muitos, o autismo remete à imagem dos casos mais graves, porém há vários níveis dentro do espectro autista. Nos limites dessa variação, há desde casos com sérios comprometimentos do cérebro, até raros casos com diversas habilidades mentais, como a Síndrome de Asperger (um tipo leve de autismo) – atribuída inclusive aos gênios Leonardo Da Vinci, Michelângelo, Mozart e Einstein. Mas é preciso desfazer o mito de que todo autista tem “superpoderes”. Os casos de genialidade são raríssimos.
A medicina e a ciência, de um modo geral, sabem muito pouco sobre o autismo, descrito pela primeira vez em 1943 e somente 1993 incluído na Classificação Internacional de Doenças (CID 10) da Organização Mundial de Saúde como um Transtorno do Desenvolvimento, que afeta a comunicação, a socialização e o comportamento.
Outro mito é o de que o autista vive em seu próprio mundo. Não. Ele vive em nosso mundo. Muitos autistas, porém, têm dificuldade em interagir e se comunicar, por isso não estabelecem uma conversa, ou mantêm uma brincadeira, e tendem a isolar-se — não porque querem, mas por não conseguirem. Ao pensar que o autista não tem um mundo próprio, teremos mais chances de incluí-lo em "nosso mundo" com o respeito que merecem, pois preconceito se combate com informação. Para contribuir, procure saber mais sobre o autismo e ajude a divulgar o 2 de abril.
Fonte:http://www.revistaautismo.com.br
sexta-feira, 30 de março de 2012
quinta-feira, 29 de março de 2012
Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo
O Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo foi instituído pela ONU em dezembro de 2007, que definiu a data de 2 de abril como marco da mobilização mundial para mostrar que há pessoas um pouco diferentes das outras, mas que, na sua essência, são tão humanas quanto todos.
Autismo é uma palavra desconhecida para muitos. Dessa forma o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo busca esclarecer o que vem a ser o Autismo e disseminar informações sobre a importância do diagnóstico e da intervenção precoce.
Formas de Mobilização
Na noite de 1º de abril, o prédio EmpireState em NY estará acesso com luzes azuis, em conscientização sobre o dia do Autismo em 2 de abril.
Estão repassando a campanha no resto do mundo para que todas as pessoas possam acender uma luz azul em suas casas. Outros prédios por todo o país e o resto do mundo estarão acendendo luzes azuis.
Coisas que você pode fazer para ajudar na conscientização do autismo:
1 – Usar o pin azul com o desenho de uma peça de quebra cabeça durante todo o mês de abril e quando as pessoas perguntarem você pode falar sobre o autismo e o porque de você estar vestindo;
2- Mudar as fotos do orkut e perfil no twitter ou facebook com a peça azul do quebra ou com o logo da campanha light it up: Blue e repassar para 10 amigos;
3- Digitar todos os seus emails em AZUL e colocar o logo Light It UpBlue na assinatura durante todo o mês de abril;
4- No dia 2 de abril vestir uma peça de roupa azul, camiseta ou calça e pedir pra seus amigos, familiares ou colegas de trabalho para vestirem também, tirar fotos e repassá-las. Publicar em flickr, orkut, twitter, facebook;
5- Cozinhar um bolo com o desenho da peça de quebra-cabeça Azul, de preferência todo em azul e levar pra escola, pro trabalho e dividir com seus amigos explicando o porquê;
6- Avisar aos responsáveis de igrejas, congregações para que falem do dia em seus Cultos, Missas e Celebrações, etc.
Existem várias maneiras de participar.
Divulgue e ajude essa causa tão importante.
Outras Formas de Mobilização
- Peça para que a escola estimule os pais e os professores a acessarem websites sobre o tema, como: Associação de Amigos do Autista (www.ama.org.br), o web site oficial do World Autism Awareness Day ou mesmo o website www.mundoasperger.com.br.
Fonte: http://www.mundoasperger.com.br
Autismo atinge uma em cada 150 crianças em todo o mundo, informa ONU
Dia Internacional do Autismo alerta para a importância de se identificar cedo essa limitação da capacidade de interagir. Síndromes variam de completo isolamento até manifestações mais sutis de inadaptabilidade social.
Cerca de 35 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de autismo, e lidam diariamente com sua dificuldade de adaptação social e com a discriminação. Em 2007, as Nações Unidas declararam o 2 de abril como o Dia Internacional do Autismo, a fim de estimular a comunidade internacional a despertar a consciência para as crianças autistas.
O autismo é uma deficiência no desenvolvimento neural humano que se manifesta nos primeiros anos de vida. Inicialmente, as crianças autistas não conseguem entender gestos nem palavras, tendendo a se isolar. Elas podem desenvolver ações estereotípicas, como girar rodas ou abanar com papel, além de costumarem usar os brinquedos de uma forma repetitiva e muitas vezes alheia à função do objeto.
Algumas chamam atenção por reiterarem continuamente certas palavras ou gestos, por exemplo, além de serem extremamente sensíveis a qualquer mudança em seu ambiente.
De acordo com as Nações Unidas, uma em cada 150 crianças apresenta alguma manifestação de autismo, sendo que as do sexo masculino tendem a ser afetadas com frequência bem maior – o autismo é três ou quatro vezes mais recorrente entre meninos do que entre meninas.
Diferentes graus de manifestação
Atualmente, os critérios de diagnóstico distinguem entre autismo do início da infância (síndrome de Kanner) e a síndrome de Asperger, geralmente perceptível somente após o terceiro ano de vida. No entanto, muitos médicos também asseguram a existência de um espectro de autismo que permite reconhecer diversos graus de gravidade.
A síndrome de Asperger é uma manifestação leve do autismo, difícil de reconhecer à primeira vista. Ela também é denominada como uma inabilidade de contato e comunicação. As crianças afetadas têm reduzida capacidade de relacionamento social, geralmente têm poucos amigos ou vivem à margem da comunidade. Por outro lado, elas geralmente possuem todas as outras capacidades, podendo ser extraordinariamente bem dotadas em determinadas áreas, como a música e a matemática.
A síndrome leva o nome de seu descobridor, o pediatra e pedagogo austríaco Hans Asperger (1906-1980). Em 1944, ele descreveu um grupo de crianças com sintomas semelhantes, sobretudo excepcionalidades referentes ao olhar, linguagem corporal, gestualidade e uso da linguagem.
Asperger também diagnosticou limitações motoras, notando que essas crianças tendem a se concentrar intensivamente nas suas áreas de interesse. Ele denominou a síndrome de "psicopatia autista".
Geralmente, as crianças com Asperger são reconhecidas como "normais", mas chama a atenção por seu comportamento inadequado em ambientes sociais. Em geral são crianças que não filtram os impulsos externos, mostrando-se facilmente sobrecarregadas por uma percepção excessiva do entorno.
Muitas vezes as crianças afetadas pela síndrome de Asperger têm uma capacidade mnemônica extraordinária, sabendo citar de memória longas passagens lidas em livros, por exemplo. No entanto, têm dificuldade de expressar suas necessidades, de decodificar expressões emotivas alheias e de se colocar no lugar dos outros ou criar empatia nos relacionamentos.
Um fenômeno em propagação
Na Europa, há quase um milhão de autistas, na Alemanha são aproximadamente 60 mil. Os motivos do surgimento do autismo nunca foram inteiramente esclarecidos. Há cientistas que tentaram encontrar acesso a pessoas com alto grau de autismo por meio da terapia musical ou do contato com golfinhos.
O Dia Mundial do Autismo, lançado há cinco anos pela ONU, foi criado para sensibilizar a sociedade para um fenômeno que se propaga cada vez mais. Com a data também se pretende alertar para a importância de se diagnosticar o autismo cedo, a fim de intervir a tempo no seu desenvolvimento. Além disso, o dia internacional também celebra os talentos singulares de pessoas com a doença e encoraja a uma maior atenção e receptividade para com um desvio da norma muitas vezes descriminado na vida social.
Fonte: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5428715,00.html
Autismo é uma palavra desconhecida para muitos. Dessa forma o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo busca esclarecer o que vem a ser o Autismo e disseminar informações sobre a importância do diagnóstico e da intervenção precoce.
Formas de Mobilização
Na noite de 1º de abril, o prédio EmpireState em NY estará acesso com luzes azuis, em conscientização sobre o dia do Autismo em 2 de abril.
Estão repassando a campanha no resto do mundo para que todas as pessoas possam acender uma luz azul em suas casas. Outros prédios por todo o país e o resto do mundo estarão acendendo luzes azuis.
Coisas que você pode fazer para ajudar na conscientização do autismo:
1 – Usar o pin azul com o desenho de uma peça de quebra cabeça durante todo o mês de abril e quando as pessoas perguntarem você pode falar sobre o autismo e o porque de você estar vestindo;
2- Mudar as fotos do orkut e perfil no twitter ou facebook com a peça azul do quebra ou com o logo da campanha light it up: Blue e repassar para 10 amigos;
3- Digitar todos os seus emails em AZUL e colocar o logo Light It UpBlue na assinatura durante todo o mês de abril;
4- No dia 2 de abril vestir uma peça de roupa azul, camiseta ou calça e pedir pra seus amigos, familiares ou colegas de trabalho para vestirem também, tirar fotos e repassá-las. Publicar em flickr, orkut, twitter, facebook;
5- Cozinhar um bolo com o desenho da peça de quebra-cabeça Azul, de preferência todo em azul e levar pra escola, pro trabalho e dividir com seus amigos explicando o porquê;
6- Avisar aos responsáveis de igrejas, congregações para que falem do dia em seus Cultos, Missas e Celebrações, etc.
Existem várias maneiras de participar.
Divulgue e ajude essa causa tão importante.
Outras Formas de Mobilização
- Peça para que a escola estimule os pais e os professores a acessarem websites sobre o tema, como: Associação de Amigos do Autista (www.ama.org.br), o web site oficial do World Autism Awareness Day ou mesmo o website www.mundoasperger.com.br.
Fonte: http://www.mundoasperger.com.br
Autismo atinge uma em cada 150 crianças em todo o mundo, informa ONU
Dia Internacional do Autismo alerta para a importância de se identificar cedo essa limitação da capacidade de interagir. Síndromes variam de completo isolamento até manifestações mais sutis de inadaptabilidade social.
Cerca de 35 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de autismo, e lidam diariamente com sua dificuldade de adaptação social e com a discriminação. Em 2007, as Nações Unidas declararam o 2 de abril como o Dia Internacional do Autismo, a fim de estimular a comunidade internacional a despertar a consciência para as crianças autistas.
O autismo é uma deficiência no desenvolvimento neural humano que se manifesta nos primeiros anos de vida. Inicialmente, as crianças autistas não conseguem entender gestos nem palavras, tendendo a se isolar. Elas podem desenvolver ações estereotípicas, como girar rodas ou abanar com papel, além de costumarem usar os brinquedos de uma forma repetitiva e muitas vezes alheia à função do objeto.
Algumas chamam atenção por reiterarem continuamente certas palavras ou gestos, por exemplo, além de serem extremamente sensíveis a qualquer mudança em seu ambiente.
De acordo com as Nações Unidas, uma em cada 150 crianças apresenta alguma manifestação de autismo, sendo que as do sexo masculino tendem a ser afetadas com frequência bem maior – o autismo é três ou quatro vezes mais recorrente entre meninos do que entre meninas.
Diferentes graus de manifestação
Atualmente, os critérios de diagnóstico distinguem entre autismo do início da infância (síndrome de Kanner) e a síndrome de Asperger, geralmente perceptível somente após o terceiro ano de vida. No entanto, muitos médicos também asseguram a existência de um espectro de autismo que permite reconhecer diversos graus de gravidade.
A síndrome de Asperger é uma manifestação leve do autismo, difícil de reconhecer à primeira vista. Ela também é denominada como uma inabilidade de contato e comunicação. As crianças afetadas têm reduzida capacidade de relacionamento social, geralmente têm poucos amigos ou vivem à margem da comunidade. Por outro lado, elas geralmente possuem todas as outras capacidades, podendo ser extraordinariamente bem dotadas em determinadas áreas, como a música e a matemática.
A síndrome leva o nome de seu descobridor, o pediatra e pedagogo austríaco Hans Asperger (1906-1980). Em 1944, ele descreveu um grupo de crianças com sintomas semelhantes, sobretudo excepcionalidades referentes ao olhar, linguagem corporal, gestualidade e uso da linguagem.
Asperger também diagnosticou limitações motoras, notando que essas crianças tendem a se concentrar intensivamente nas suas áreas de interesse. Ele denominou a síndrome de "psicopatia autista".
Geralmente, as crianças com Asperger são reconhecidas como "normais", mas chama a atenção por seu comportamento inadequado em ambientes sociais. Em geral são crianças que não filtram os impulsos externos, mostrando-se facilmente sobrecarregadas por uma percepção excessiva do entorno.
Muitas vezes as crianças afetadas pela síndrome de Asperger têm uma capacidade mnemônica extraordinária, sabendo citar de memória longas passagens lidas em livros, por exemplo. No entanto, têm dificuldade de expressar suas necessidades, de decodificar expressões emotivas alheias e de se colocar no lugar dos outros ou criar empatia nos relacionamentos.
Um fenômeno em propagação
Na Europa, há quase um milhão de autistas, na Alemanha são aproximadamente 60 mil. Os motivos do surgimento do autismo nunca foram inteiramente esclarecidos. Há cientistas que tentaram encontrar acesso a pessoas com alto grau de autismo por meio da terapia musical ou do contato com golfinhos.
O Dia Mundial do Autismo, lançado há cinco anos pela ONU, foi criado para sensibilizar a sociedade para um fenômeno que se propaga cada vez mais. Com a data também se pretende alertar para a importância de se diagnosticar o autismo cedo, a fim de intervir a tempo no seu desenvolvimento. Além disso, o dia internacional também celebra os talentos singulares de pessoas com a doença e encoraja a uma maior atenção e receptividade para com um desvio da norma muitas vezes descriminado na vida social.
Fonte: http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5428715,00.html
Para pensar...
" A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os poucos capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois". (Arthur da Távola)
quarta-feira, 28 de março de 2012
Especialistas contestam afastamento de aluno autista
O afastamento do aluno Lucas Cotichini Marques, 17 anos, que tem deficiência mental moderada e autismo, de uma escola de educação especial localizada em São Bernardo, há uma semana, mostra o despreparo por parte das instituições de ensino em relação à inclusão. Essa é a avaliação de especialistas a respeito do caso. Com problemas comportamentais e quadro agressivo, o morador de Santo André foi encaminhado para avaliação médica e impedido de continuar a frequentar a unidade de ensino na última semana.
O garoto estudava na escola privada Gapi, especializada em ensino especial Infantil e Fundamental, localizada no Jardim do Mar, há três anos, por meio de bolsa paga pela Secretaria Estadual de Educação. Segundo a mãe, a dona de casa Sandra Regina Cotichini, 49, o filho foi impedido de continuar os estudos por puro preconceito. "A diretora disse em bom som que não queria mais meu filho na escola dela porque ele é grande, gordo e oferece risco aos demais alunos", destaca.
São diversas as leis que asseguram os direitos de pessoas com necessidades especiais na sala de aula. Vale destacar o decreto 3.956, de 2001, que reafirma o direito de todas as pessoas com deficiência a uma educação inclusiva. "A inclusão está aí, mas nem todos os profissionais e escolas estão preparados", destaca a presidente da Abra (Associação Brasileira de Autismo), Marisa Furia Silva.
A direção da escola Gapi não quis se pronunciar. Já a Secretaria Estadual de Educação esclareceu que o aluno foi afastado temporariamente das atividades escolares para que passe por avaliação médica e tratamento psiquiátrico. A mãe, no entanto, contesta a justificativa ao dizer que Lucas faz acompanhamento médico desde criança. "Ele toma remédio todos os dias e passa com o médicos direitinho", observa Sandra.
A secretaria estadual afirma ainda que, conforme informado aos responsáveis pelo estudante, o afastamento foi necessário para resguardar a integridade dos demais alunos e integrantes da instituição, uma vez que o adolescente tem comportamento agressivo. Nos próximos dias, o adolescente será encaminhado para avaliação junto à Secretaria de Estado da Saúde e, posteriormente, após a devida reavaliação médica, deve receber novamente atendimento educacional.
Escola não cumpriu seu papel, diz psicóloga
Por tratar-se de escola focada no ensino especial, a estranheza sobre a atitude tomada pela instituição de ensino é ainda maior, revela a psicóloga especializada em distúrbios do desenvolvimento Sabrina Ribeiro. "A escola não está fazendo a inclusão, que é o trabalho dela", argumenta.
Segundo a profissional, que atua no atendimento a pessoas com autismo desde 1995, há diversas formas de trabalhar a agressividade do aluno. "O manejo do professor é muito importante, tanto que a medicação responde por 10% do tratamento; os outros 90% dizem respeito a atividades comportamentais", considera.
Na visão da presidente da Abra, Maria Furia Silva, a batalha por políticas públicas e atendimento de qualidade para pessoas com autismo tem avançado, mas não da forma considerada ideal. "A saída para os pais que precisam de ajuda tem sido as associações."
AUTISMO
Denominado transtorno do espectro do autismo, essa alteração cerebral compromete o desenvolvimento psiconeurológico e afeta a capacidade da pessoa em se comunicar, compreender e falar, assim como o convívio social. A doença pode se manifestar de forma leve, moderada ou severa.
Segundo Sabrina, o autismo traz prejuízo em três áreas: comunicação, comportamental e social. "Geralmente as pessoas com autismo têm dificuldade em contar algo ou entender", explica a especialista. Há ainda alterações no comportamento, como manias ou interesses restritos e dificuldade em se relacionar com outras pessoas.
Reportagem
Natália Fernandes
Fonte: Diário do Grande ABC
O garoto estudava na escola privada Gapi, especializada em ensino especial Infantil e Fundamental, localizada no Jardim do Mar, há três anos, por meio de bolsa paga pela Secretaria Estadual de Educação. Segundo a mãe, a dona de casa Sandra Regina Cotichini, 49, o filho foi impedido de continuar os estudos por puro preconceito. "A diretora disse em bom som que não queria mais meu filho na escola dela porque ele é grande, gordo e oferece risco aos demais alunos", destaca.
São diversas as leis que asseguram os direitos de pessoas com necessidades especiais na sala de aula. Vale destacar o decreto 3.956, de 2001, que reafirma o direito de todas as pessoas com deficiência a uma educação inclusiva. "A inclusão está aí, mas nem todos os profissionais e escolas estão preparados", destaca a presidente da Abra (Associação Brasileira de Autismo), Marisa Furia Silva.
A direção da escola Gapi não quis se pronunciar. Já a Secretaria Estadual de Educação esclareceu que o aluno foi afastado temporariamente das atividades escolares para que passe por avaliação médica e tratamento psiquiátrico. A mãe, no entanto, contesta a justificativa ao dizer que Lucas faz acompanhamento médico desde criança. "Ele toma remédio todos os dias e passa com o médicos direitinho", observa Sandra.
A secretaria estadual afirma ainda que, conforme informado aos responsáveis pelo estudante, o afastamento foi necessário para resguardar a integridade dos demais alunos e integrantes da instituição, uma vez que o adolescente tem comportamento agressivo. Nos próximos dias, o adolescente será encaminhado para avaliação junto à Secretaria de Estado da Saúde e, posteriormente, após a devida reavaliação médica, deve receber novamente atendimento educacional.
Escola não cumpriu seu papel, diz psicóloga
Por tratar-se de escola focada no ensino especial, a estranheza sobre a atitude tomada pela instituição de ensino é ainda maior, revela a psicóloga especializada em distúrbios do desenvolvimento Sabrina Ribeiro. "A escola não está fazendo a inclusão, que é o trabalho dela", argumenta.
Segundo a profissional, que atua no atendimento a pessoas com autismo desde 1995, há diversas formas de trabalhar a agressividade do aluno. "O manejo do professor é muito importante, tanto que a medicação responde por 10% do tratamento; os outros 90% dizem respeito a atividades comportamentais", considera.
Na visão da presidente da Abra, Maria Furia Silva, a batalha por políticas públicas e atendimento de qualidade para pessoas com autismo tem avançado, mas não da forma considerada ideal. "A saída para os pais que precisam de ajuda tem sido as associações."
AUTISMO
Denominado transtorno do espectro do autismo, essa alteração cerebral compromete o desenvolvimento psiconeurológico e afeta a capacidade da pessoa em se comunicar, compreender e falar, assim como o convívio social. A doença pode se manifestar de forma leve, moderada ou severa.
Segundo Sabrina, o autismo traz prejuízo em três áreas: comunicação, comportamental e social. "Geralmente as pessoas com autismo têm dificuldade em contar algo ou entender", explica a especialista. Há ainda alterações no comportamento, como manias ou interesses restritos e dificuldade em se relacionar com outras pessoas.
Reportagem
Natália Fernandes
Fonte: Diário do Grande ABC
Crianças portadoras de síndrome de down ou autismo podem sim ser artistas
Por: Flaviane Fernandes
Em palestra realizada no CEU Paraisópolis, o artista israelense, Yaron Peretz, falou sobre a importância da arte como forma de expressão para crianças autistas e portadoras de síndrome de down
Fruto de uma parceria entre a União dos Moradores e o consulado de Israel, o artista em algumas palavras que eram traduzidas por sua esposa Dayse Peretz, brasileira, explicou, demostrou e provocou a platéia, formada especialmente, por educadores, pedagogos e professores a interagirem com o universo dos portadores de necessidades especiais, autismo e síndrome de down.
Yaron trabalha em Israel com um grupo de 6 artistas com essas necessidades, de acordo com a sua experiência, essas crianças encontram no desenho uma maneira de transmitirem o que pensam, ou seja, é a linguagem que usam. E foi a semelhança entre os traços que eles fazem e os de grandes artistas que o levou a acreditar que eram sim capazes.
“O humor deles ocila muito”, explicou o artista, alertando a platéia de que é fundamental que a pessoa seja calma, se quiser trabalhar com esse público. O stress será transmitido para eles, por isso é necessário que o ambiente os acalmem. Em resposta a uma pergunta se ele usava música como instrumento de trabalho, ele foi preciso. “ Eu mesmo canto”.
Ao contrário do que foi abordado por educadores presentes sobre a dificuldade que se tem em trabalhar com as famílias dessas crianças, Dayse disse que em Israel, os pais não tem vergonha dos seus filhos por serem portadores de algum tipo de necessidade. Diante disso, O acessor de imprensa do consulado israelense propôs uma oficina na qual Yaron interagiriam com as famílias; já os educadores presentes se comprometaram a darem continuidade no discurso através de uma rede de convivência na pagína do Facebook.
De acordo com Dayse, é a primeira vez que eles estão trabalhando com o projeto em comunidades, e que esperam bons resultados. Quando questionado a respeito dos que trabalham com crianças possuírem ou não o dom para lidar com portador de algum tipo de necessidade especial Yaron foi bem calro: “ Basta ter vontade”.
A riqueza do trabalho desenvolvido pelos artistas israelenses podia ser notada em alguns desenhos trazidos por Yaron , e, esses foram expostos em cima do palco para quem quisesse observar de perto, algo feito por poucos.
Fonte: Rádio Novaparaisópolis
Brasileiro é escolhido melhor professor do ano de todo condado de Miami-Dade
Um brasileiro está fazendo história nos EUA com um projeto de inclusão em escolas: Alexadre Lopes recebeu o prêmio de Melhor Professor do Ano de Miami-Dade.
Ele foi escolhido entre 24 mil professores de todas as escolas públicas do condado. O processo de seleção é longo e incorpora diversos aspectos do professor, fora e dentro da sala de aula, desde o seu método de ensino à filosofia e politica educacional.
“É um orgulho, uma honra muito, muito grande deles terem escolhido neste país um brasileiro nascido e criado no Brasil”, diz ele. “Foi um processo intenso de seleção. “Não foi só pré-escola, não foi só no departamento de crianças especiais, não foi só entre os latinos. Eu competi em termos de igualdade com todos os professores daqui”.
Lopes ganhou um Toyota novinho, US$5.500 e uma bolsa de estudos na Nova University – que ele abriu mão pois já está cursando o doutorado na Florida International University. Mas para ele, o mais importante foi receber o troféu, que simboliza o reconhecimento do seu trabalho. E as homenagens não param. Hoje, Alexandre vai receber uma homenagem de Bárbara J. Jordan, representante
de um dos condados de Miami-Dade.
Seu programa de inclusão é composto de dois grupos diários de 12 crianças, de 3 a 5 anos – um de manhã e outro no inicio da tarde. Em cada grupo, há oito que exibem desenvolvimento regular da idade e quatro com algum tipo de desordem que compromete o desenvolvimento, como, por exemplo, o autismo.
“Levou um bom tempo para conseguir o respeito pelo que eu faço, e acho que foi muito importante ganhar esse titulo, não só por mim mas, por todos os outros professores que trabalham na pré-escola”, diz Lopes emocionado.
Hoje aos 43 anos, o carioca é, agora, o porta-voz de educação de todo o condado de Miami-Dade. O próximo passo é o prêmio estadual com mais 71 concorrentes. Se ganhar, entra como finalista ao prêmio nacional, que será anunciado no inicio de 2013.
“As crianças com autismo estão integradas a um ambiente onde elas tem a capacidade de interagir socialmente com crianças fora do espectro autista”, diz ele. “É uma sala de aula normal, onde temos alunos com autismo e alunos sem autismo. Não são diferenciados em absolutamente nada”.
Numa rotina extremamente bem estruturada, Lopes, apaixonado pela música – e um estudioso de piano desde cedo, usa a sonoridade e a melodia como técnicas de ensino – na comunicação, compreensão e aprendizado de palavras e respeito mútuo.
Na hora que entram na sala de aula, as crianças dão as mãos e formam uma roda, cantando, “we are glad you are here. Hello to you and me” (“estamos felizes por estarem aqui. Olá para você e para mim”), fazendo com que todos se sintam bem-vindos e unidos. Lopes usa tambores e canções para ensinar conceitos, como tolerância e o controle emocional: “When you are mad, take a deep breath and relax” (“quando está bravo, respira fundo e relaxa”).
“O que enfatizamos aqui, que de repente não é tão enfatizado em outras salas de aula, — mas que na minha opinião deveria ser enfatizado em todos os lugares — é o ensino da interação social: como lidar com uma pessoa, pegar sua atenção, olhar no olho daquela pessoa, chamá-la pelo nome”, diz o carioca, que atribui parte do seu sucesso ao fato de ser brasileiro – não só pela sua musicalidade mas pela forma que se relaciona com as pessoas.
“Eu acho que faço com que cada um se sinta especial, e isso é importante”, diz ele. “Eu acho que o brasileiro tem isso, quando quer, de realmente mostrar ao mundo do que ele é capaz”.
Lopes nunca se imaginou trabalhando na área de educação. Nascido e criado em Petrópolis, o carioca se formou em comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e trabalhava em companhias aéreas. Sempre gostou muito de viajar, e em 1995, se mudou para Miami. Aqui, como comissário de bordo, na época pela United Airlines, fazia rotas para a América Latina e servia como intérprete de português e espanhol. Com os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, as companhias aéreas tiveram muitos problemas financeiros, e a United ofereceu um pacote de benefícios para quem se afastasse. Lopes aceitou imediatamente, e retomou os estudos. Validou em Miami seu diploma do Brasil e começou mestrado em “Educação Especial” na Universidade de Miami, com foco em crianças autistas, rumo a um trabalho sério que, está rendendo frutos.
Fonte: http://autismovivenciasautisticas.blogspot.com.br
Ele foi escolhido entre 24 mil professores de todas as escolas públicas do condado. O processo de seleção é longo e incorpora diversos aspectos do professor, fora e dentro da sala de aula, desde o seu método de ensino à filosofia e politica educacional.
“É um orgulho, uma honra muito, muito grande deles terem escolhido neste país um brasileiro nascido e criado no Brasil”, diz ele. “Foi um processo intenso de seleção. “Não foi só pré-escola, não foi só no departamento de crianças especiais, não foi só entre os latinos. Eu competi em termos de igualdade com todos os professores daqui”.
Lopes ganhou um Toyota novinho, US$5.500 e uma bolsa de estudos na Nova University – que ele abriu mão pois já está cursando o doutorado na Florida International University. Mas para ele, o mais importante foi receber o troféu, que simboliza o reconhecimento do seu trabalho. E as homenagens não param. Hoje, Alexandre vai receber uma homenagem de Bárbara J. Jordan, representante
de um dos condados de Miami-Dade.
Seu programa de inclusão é composto de dois grupos diários de 12 crianças, de 3 a 5 anos – um de manhã e outro no inicio da tarde. Em cada grupo, há oito que exibem desenvolvimento regular da idade e quatro com algum tipo de desordem que compromete o desenvolvimento, como, por exemplo, o autismo.
“Levou um bom tempo para conseguir o respeito pelo que eu faço, e acho que foi muito importante ganhar esse titulo, não só por mim mas, por todos os outros professores que trabalham na pré-escola”, diz Lopes emocionado.
Hoje aos 43 anos, o carioca é, agora, o porta-voz de educação de todo o condado de Miami-Dade. O próximo passo é o prêmio estadual com mais 71 concorrentes. Se ganhar, entra como finalista ao prêmio nacional, que será anunciado no inicio de 2013.
“As crianças com autismo estão integradas a um ambiente onde elas tem a capacidade de interagir socialmente com crianças fora do espectro autista”, diz ele. “É uma sala de aula normal, onde temos alunos com autismo e alunos sem autismo. Não são diferenciados em absolutamente nada”.
Numa rotina extremamente bem estruturada, Lopes, apaixonado pela música – e um estudioso de piano desde cedo, usa a sonoridade e a melodia como técnicas de ensino – na comunicação, compreensão e aprendizado de palavras e respeito mútuo.
Na hora que entram na sala de aula, as crianças dão as mãos e formam uma roda, cantando, “we are glad you are here. Hello to you and me” (“estamos felizes por estarem aqui. Olá para você e para mim”), fazendo com que todos se sintam bem-vindos e unidos. Lopes usa tambores e canções para ensinar conceitos, como tolerância e o controle emocional: “When you are mad, take a deep breath and relax” (“quando está bravo, respira fundo e relaxa”).
“O que enfatizamos aqui, que de repente não é tão enfatizado em outras salas de aula, — mas que na minha opinião deveria ser enfatizado em todos os lugares — é o ensino da interação social: como lidar com uma pessoa, pegar sua atenção, olhar no olho daquela pessoa, chamá-la pelo nome”, diz o carioca, que atribui parte do seu sucesso ao fato de ser brasileiro – não só pela sua musicalidade mas pela forma que se relaciona com as pessoas.
“Eu acho que faço com que cada um se sinta especial, e isso é importante”, diz ele. “Eu acho que o brasileiro tem isso, quando quer, de realmente mostrar ao mundo do que ele é capaz”.
Lopes nunca se imaginou trabalhando na área de educação. Nascido e criado em Petrópolis, o carioca se formou em comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e trabalhava em companhias aéreas. Sempre gostou muito de viajar, e em 1995, se mudou para Miami. Aqui, como comissário de bordo, na época pela United Airlines, fazia rotas para a América Latina e servia como intérprete de português e espanhol. Com os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, as companhias aéreas tiveram muitos problemas financeiros, e a United ofereceu um pacote de benefícios para quem se afastasse. Lopes aceitou imediatamente, e retomou os estudos. Validou em Miami seu diploma do Brasil e começou mestrado em “Educação Especial” na Universidade de Miami, com foco em crianças autistas, rumo a um trabalho sério que, está rendendo frutos.
Fonte: http://autismovivenciasautisticas.blogspot.com.br
As dores do analfabetismo
Joyce Lys Saback Nogueira de Sá a
Rosane Melo b
O fracasso na aprendizagem da leitura e da escrita marca a educação brasileira há muitas décadas, atingindo sobretudo as classes populares. Uma das conseqüências desse fato é o alto índice de analfabetismo verificado entre jovens e adultos brasileiros. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) o Brasil conta com mais de 16 milhões de analfabetos e, levando-se em conta o conceito de analfabetismo funcional, um critério que inclui todas as pessoas com menos de quatro séries de estudos concluídas, o número de analfabetos salta para mais de 30 milhões de brasileiros, considerando a população de 15 anos ou mais. No Brasil, existem mais de sete milhões de jovens fora da escola, o que equivale à população da Suíça e ao dobro da população do Uruguai.
A aquisição da leitura e da escrita é indiscutivelmente hoje um problema social, cultural e econômico. As demandas da sociedade multiplicaram-se em relação aos níveis de leitura e invariavelmente as necessidades de formação e de informação requerem leitura e mais leitura. Considerando-se a característica grafocêntrica de nossa sociedade, compreende-se que o analfabetismo acarreta uma condição de exclusão social. Cabe ressaltar que essa condição não se restringe aos que não aprenderam a ler e a escrever, mas também se estende àqueles que embora possuam habilidades de leitura e de escrita, não conseguem fazer uso dessas habilidades em suas atividades e práticas sociais. A leitura vem se tornando indispensável na vida cotidiana e na formação de laços sociais, e constitui-se uma exigência ainda mais importante na esfera profissional. Isso é válido tanto para os cargos de trabalho qualificado, quanto para as atividades profissionais pouco remuneradas. São os que sofreram os efeitos da ineficiência da escola brasileira e encontram-se em uma condição de exclusão social que buscam os programas de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Os alunos do EJA são jovens e adultos que, de alguma maneira, foram excluídos do processo de escolarização na infância e matriculam-se em programas de alfabetização buscando sair da condição de cegos para as letras, como por vezes se identificam. Para esses está em jogo a permanência no emprego atual, a conquista de uma melhor remuneração, a independência em relação aos filhos, companheiros e amigos em atividades simples como abrir uma conta bancária, escrever uma carta para família, ler a bíblia, ler uma placa com nome de rua, etc. Há ainda os que dispensam a classe de alfabetização e matriculam-se nos primeiros níveis da educação fundamental. Esses jovens e adultos, embora não se reconheçam como analfabetos, têm consciência da precariedade de suas habilidades de leitura e de escrita e, portanto, voltam à escola para obter aquilo que acreditam que a ampliação de seus conhecimentos pode lhes proporcionar: ascensão social, possibilidade de melhor colocação no mercado de trabalho, ampliação e conquista de novas habilidades. Não se consideram cegos para as letras mas reconhecem que o aprendizado alcançado anteriormente não lhes garantiu a independência e a inclusão social desejada. Reconhecem que seus níveis de leitura e de escrita os coloca sempre em posição de desvantagem perante aqueles que dominam essas habilidades.
Os jovens e adultos mencionados até aqui são aqueles que regressam à escola após um período de ausência dos bancos escolares. Encontram-se ainda nos programas de educação de jovens e adultos aqueles que não saíram em nenhum momento da escola. São, em especial, jovens que egressam da educação regular diretamente para a EJA após completarem 14 anos, idade limite de permanência obrigatória na educação regular. Em geral, esses jovens têm uma história escolar marcada por múltiplas reprovações, o que faz com que cheguem aos programas de EJA como alunos cronificados pelos reiterados fracassos.
Apesar das diferenças em relação às experiências escolares anteriores, os alunos da EJA, em geral, apresentam dificuldades muito semelhantes no que diz respeito à aquisição de conhecimentos. Principalmente, apresentam o mesmo sentimento de incapacidade e incompetência diante da aprendizagem. Embora sejam capazes de reconhecer a baixa qualidade da escola, identificados com o lugar de analfabetos e incompetentes, os alunos de EJA freqüentemente se culpam por sua história de fracasso eximindo a escola de qualquer responsabilidade.
As dificuldades inerentes a uma escolarização em programas de EJA, o cansaço após o dia de trabalho, a exposição a uma situação culturalmente associada à infância, os sentimentos de vergonha e de incompetência provocados por longos anos de não aprendizagem dentro da escola, assim como a exigência de mobilização de tantos recursos cognitivos e afetivos, não são fatores suficientes para afastar esses alunos da escola.
Sendo assim, a permanência desses jovens e adultos no ambiente escolar aponta para a existência de uma expectativa dirigida à escola que não se extingue, apesar de tudo. O que faz com que esses indivíduos continuem investindo na escola? De certo que o desejo de aprender sustenta esses alunos na sala de aula. Um desejo dessa ordem com certeza está vinculado ao sofrimento implicado na condição daqueles que não dominam as habilidades de leitura e de escrita em uma sociedade grafocêntrica. É possível pensar, então, que o imenso desejo de aprender verificado entre os alunos de programas de educação de jovens e adultos advém da dor da exclusão.
a Joyce Lys Saback Nogueira de Sá (UNESA)
b Rosane Melo (UNI-IBMR, FCCL-RJ)
Fonte: http://www.psicologia.ufrj.br/nipiac/
terça-feira, 27 de março de 2012
O preconceito contra os analfabetos
A educação é um DIREITO inalienável de todo cidadão, inscrito em 1948 na Declaração Universal dos Direitos Humanos e no Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966.
Apesar disso, o analfabetismo não é percebido como expressão de processos de exclusão social ou como violação de direitos coletivos, e sim como experiência individual de desvio ou fracasso, que provoca repetidas situações de discriminação e humilhação.
Por falta de informação, a relação que as pessoas tem com o analfabeto é mediada por preconceitos, pré-julgamentos e estigmas.
Só no Brasil, existem 14 milhões de analfabetos absolutos, ou seja, pessoas que não sabem ler e nem escrever, que tiveram um Direito violado e ainda sofrem com o preconceito.
Segundo a professora da Universidade de São Paulo e especialista em educação de jovens e adultos, Maria Clara Di Pierro, “há uma certa invisibilidade desse tema, como se pudéssemos passar à margem de 14 milhões de brasileiros. Não é um problema residual, nem um problema do passado. É um problema que se repete a cada dia.”
A exclusão educacional dos jovens e adultos também não é um assunto abordado com frequência pelos meios de comunicação: uma pesquisa realizada em 2004 constatou que apenas 1,8% das matérias publicadas na imprensa escrita tratavam desse tema.
Diante desse fato, os meios de comunicação possuem um papel fundamental para começar a mudar esse cenário.
É necessário que a sociedade compreenda a questão do analfabetismo no Brasil para que exista maior mobilização e engajamento com a causa, tendo em mente que a Educação é um Direito de Todo Cidadão e que o analfabetismo deve ser tratado como uma violação desse Direito.
Referências
Livro “Preconceito contra o analfabeto” – Maria Clara Di Pierro / Ana Maria de Oliveira Galvão – Cortez Editora
Livro “Educação na imprensa brasileira” – Marta Avancini – ANDI – AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DOS DIREITOS DA INFÂNCIA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Fonte: http://www.zamplex.com
segunda-feira, 26 de março de 2012
Suporte ao professor : Autores dão dicas de práticas pedagógicas inclusivas.
Fonte: Banco de Imagens
Conhecer o aluno é o primeiro passo, diz especialista.
Por Leonardo Guariso
Um ambiente de ensino onde todos possam aprender, tendo deficiência ou não. Em resumo, assim é denominada a educação inclusiva que, segundo Eugênio Cunha, mestre em Educação e autor do livro Práticas pedagógicas para inclusão e diversidade (Wak Editora, 2011), apenas começou a caminhar no Brasil. "Já houve progressos, mas será que os alunos estão recebendo a educação adequada?", questiona o professor. A preocupação de Cunha é a mesma de tantos outros educadores e familiares. De que adianta o estudante com deficiência frequentar uma escola regular se o professor não sabe como lidar com esses distúrbios? O problema, segundo o pesquisador, é que não existe uma formação específica que qualifique o profissional. Pior: há pouca literatura pedagógica a respeito. "O professor fica sem suporte", afirma. E o aluno, à mercê.
Muito prazer, aluno
Como deve ser, então, o trabalho inclusivo do educador? Para o autor, a inclusão escolar começa na alma do mestre. "Precisamos atrair nossos alunos por meio de afeto", diz. Cunha refere-se ao desejo de aprender do estudante como um caminho para conquistá- lo para, então, direcioná-lo ao conhecimento. Quando isso acontece, todos aprendem juntos.
Não existe uma formação específica que qualifique o profissional
Em sua obra, o professor explica que o afeto é um instrumentomediador da aprendizagem, pois trabalha a memória, a cognição e as emoções. O afeto, nesse caso, abre caminho para enriquecer relacionamentos e proporcionar uma aprendizagem de qualidade. E isso vale para qualquer disciplina e qualquer nível de modalidade de ensino. Conhecer o aluno, portanto, é fundamental.
Atividades do Bem
A dicas deste quadro são apenas uma referência em práticas pedagógicas para a educação inclusiva, pois, de acordo com os profissionais entrevistados nesta reportagem, cada indivíduo é único - nem sempre o que funciona para um funciona para o outro. Além disso, pode ser que a criança não apresente apenas um comprometimento ou uma demanda entre as enumeradas na lista a seguir.
Falta de concentração e conservação das informações
Primeiro, descubra o que desperta a atenção do aluno e só então proponha atividades. Uma sugestão é a brincadeira do espião. Em dupla, cada integrante observará bem a outra pessoa.
Os dois se viram de costas e fazem uma mudança no visual. Depois, um de frente para o outro, tentam descobrir o que mudou. Trabalhe com música. Tocar violão, por exemplo, estimula a concentração e desenvolve a memória.
Autismo
Concentre-se no contato visual. Olhe nos olhos do aluno, fale de forma serena e objetiva (assim, as falas são mais bem compreendidas). Nem sempre o autista assimila frases como "Não faça isso!". Em cada atividade, portanto, mostre o que fazer. Dê funcionalidade às ações.
Síndrome de Down
Respeite o ritmo do aluno sem impor nada e não o trate infantilizadamente. Use fotos de familiares para estimular a fala e a memória visual. Exemplo: peça para o aluno contar histórias ou abordar aspectos interessantes da vida familiar. Estimule a prática de esportes, como a natação, que refinam a condição motora do estudante.
TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade)
Estabeleça e organize rotinas de trabalho para inibir a dispersão. Se for preciso, reveja o método de ensino para torná-lo criativo. Priveligie trabalhos curtos, realizando uma tarefa por vez. Não peça a um aluno, por exemplo, que copie da lousa um texto extenso. Desse modo, você conserva o foco de atenção do indivíduo.
Transtornos emocionais
Proporcione um ambiente educativo agradável (lembra da dica "conheça seu aluno"?). Solidarize-se e converse com o estudante e ensine-o a lidar com as perdas, pois elas são naturais.Desenvolva no aluno habilidades para superar desafios e perseverança na conclusão de tarefas. É importante impor limites.
Dislexia
Mostre a semelhança e a diferença entre as letras. Exemplo: a letra B tem a "barriga" voltada para a direita e a "perna" para cima. Evite o excesso de conteúdo para que o aluno tenha melhor compreensão do que é ensinado. Trabalhe com histórias em quadrinhos e peça que ele faça associações entre as ilustrações e o texto, criando alternativas e mudanças na história ou nas imagens.
Dispraxia (disfunção motora)
Incentive a prática de atividades físicas. Elas ajudam a desenvolver a coordenação motora, a orientação espacial e o equilíbrio. Outra dica é o uso da música para aumentar a capacidade de atenção e memorização. Pode ser assim: a cada toque de determinado instrumento musical, os alunos brincam com um objeto ou fazem algum movimento - ao som do tambor, por exemplo, as crianças mexem as mãos. Utilize materiais pedagógicos sensoriais, como letras escritas em pedaços de papel ou em madeira para que a pessoa forme palavras.
Surdez
Posicione o aluno na primeira fileira, de preferência, à sua frente. Quando realizar atividades, faça-as em turma para intensificar o vínculo de inclusão. Fale de frente para o estudante para que ele possa ler seus lábios. Diga aos colegas de sala para que façam o mesmo.
Cegueira
Oriente o aprendente sobre a posição do mobiliário e evite mudar os objetos de lugares. Incentive-o a aprender Braille. Ofereça materiais concretos para ajudá-lo a aumentar seu conhecimento. Isso inclui conceitos linguísticos, matemáticos, geográficos. O Instituto Benjamin Constant (www.ibc.gov.br) desenvolve materiais com texturas diferentes para que o aluno possa "ver" utilizando o tato.
Esperar que o mesmo educador seja capaz de abordar diversas necessidades é fantasioso
Evidentemente, há outros aspectos a serem abordados. Muita informação deve ser obtida dos pais e também da equipe - médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas - que atende o estudante. E, claro, do próprio aluno. "Para um estudante com baixa visão, nada melhor do que ele mesmo dizer se há muita ou pouca luminosidade para enxergar o quadro", explica Selma Inês Campbell, autora do livro Múltiplas faces da inclusão (Wak, 2009). Os educadores também são fontes importantes: "Professores de séries anteriores podem nos esclarecer quais habilidades o aluno já desenvolveu", conta.
Difícil aceitação
E quando a pouca informação referente aos estudantes com necessidades específicas parte da turma? Campbell afirma que preconceito vem de desconhecimento, e esclarecer é o primeiro passo. "A escola deve cultivar valores como respeito ao próximo e solidariedade", explica. Vale até uma conversa com a família do aluno.
Vencidas essas dificuldades, que podem ser superadas por ações em conjunto com gestores e demais profissionais do colégio, o professor poderá elaborar atividades para serem realizadas em grupo - no caso dos pequenos, o modelo pedagógico criado pela educadora italiana Maria Montessori (1870-1952), caso ainda não seja utilizado.
"Os materiais montessorianos podem ser manipulados de diferentes maneiras, porque são sensoriais e de conceitos universais, relacionando-se com o todo", explica Cunha. De acordo com o autor, eles foram inspirados na educação especial, mas podem ser usados por todos os alunos.
No método, peças sensoriais geométricas - pirâmides e esferas de tamanhos diferentes -são utilizadas para apresentar a linguagem. Cada uma delas tem uma cor e possui um significado linguístico. Com isso, o aluno pode montar uma frase, juntar um substantivo a um adjetivo, aprender geometria ou até mesmo desenvolver a coordenação motora. "Esses materiais introduzem as sementes do interesse, da qual a criança colherá frutos nas próximas fases da educação", afirma.
Um professor, mil funções
É preciso deixar uma coisa clara: esperar que o mesmo educador seja capaz de abordar diversas necessidades é fantasioso. "Um professor hábil para lidar com surdez não pode ser o mesmo para lidar com cegueira, pois os recursos são diferentes", afirma Campbell. É aquela velha história do músico que sabe tocar um pouco de guitarra, de baixo, de violão, de bateria e de teclado, mas que, na realidade, não é expert em nehuma delas, pois não se especializou em nada. "É condenar tanto o aluno quanto o professor ao fracasso", finaliza.
Fonte: http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social/67/artigo242134-2.asp
Conhecer o aluno é o primeiro passo, diz especialista.
Por Leonardo Guariso
Um ambiente de ensino onde todos possam aprender, tendo deficiência ou não. Em resumo, assim é denominada a educação inclusiva que, segundo Eugênio Cunha, mestre em Educação e autor do livro Práticas pedagógicas para inclusão e diversidade (Wak Editora, 2011), apenas começou a caminhar no Brasil. "Já houve progressos, mas será que os alunos estão recebendo a educação adequada?", questiona o professor. A preocupação de Cunha é a mesma de tantos outros educadores e familiares. De que adianta o estudante com deficiência frequentar uma escola regular se o professor não sabe como lidar com esses distúrbios? O problema, segundo o pesquisador, é que não existe uma formação específica que qualifique o profissional. Pior: há pouca literatura pedagógica a respeito. "O professor fica sem suporte", afirma. E o aluno, à mercê.
Muito prazer, aluno
Como deve ser, então, o trabalho inclusivo do educador? Para o autor, a inclusão escolar começa na alma do mestre. "Precisamos atrair nossos alunos por meio de afeto", diz. Cunha refere-se ao desejo de aprender do estudante como um caminho para conquistá- lo para, então, direcioná-lo ao conhecimento. Quando isso acontece, todos aprendem juntos.
Não existe uma formação específica que qualifique o profissional
Em sua obra, o professor explica que o afeto é um instrumentomediador da aprendizagem, pois trabalha a memória, a cognição e as emoções. O afeto, nesse caso, abre caminho para enriquecer relacionamentos e proporcionar uma aprendizagem de qualidade. E isso vale para qualquer disciplina e qualquer nível de modalidade de ensino. Conhecer o aluno, portanto, é fundamental.
Atividades do Bem
A dicas deste quadro são apenas uma referência em práticas pedagógicas para a educação inclusiva, pois, de acordo com os profissionais entrevistados nesta reportagem, cada indivíduo é único - nem sempre o que funciona para um funciona para o outro. Além disso, pode ser que a criança não apresente apenas um comprometimento ou uma demanda entre as enumeradas na lista a seguir.
Falta de concentração e conservação das informações
Primeiro, descubra o que desperta a atenção do aluno e só então proponha atividades. Uma sugestão é a brincadeira do espião. Em dupla, cada integrante observará bem a outra pessoa.
Os dois se viram de costas e fazem uma mudança no visual. Depois, um de frente para o outro, tentam descobrir o que mudou. Trabalhe com música. Tocar violão, por exemplo, estimula a concentração e desenvolve a memória.
Autismo
Concentre-se no contato visual. Olhe nos olhos do aluno, fale de forma serena e objetiva (assim, as falas são mais bem compreendidas). Nem sempre o autista assimila frases como "Não faça isso!". Em cada atividade, portanto, mostre o que fazer. Dê funcionalidade às ações.
Síndrome de Down
Respeite o ritmo do aluno sem impor nada e não o trate infantilizadamente. Use fotos de familiares para estimular a fala e a memória visual. Exemplo: peça para o aluno contar histórias ou abordar aspectos interessantes da vida familiar. Estimule a prática de esportes, como a natação, que refinam a condição motora do estudante.
TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade)
Estabeleça e organize rotinas de trabalho para inibir a dispersão. Se for preciso, reveja o método de ensino para torná-lo criativo. Priveligie trabalhos curtos, realizando uma tarefa por vez. Não peça a um aluno, por exemplo, que copie da lousa um texto extenso. Desse modo, você conserva o foco de atenção do indivíduo.
Transtornos emocionais
Proporcione um ambiente educativo agradável (lembra da dica "conheça seu aluno"?). Solidarize-se e converse com o estudante e ensine-o a lidar com as perdas, pois elas são naturais.Desenvolva no aluno habilidades para superar desafios e perseverança na conclusão de tarefas. É importante impor limites.
Dislexia
Mostre a semelhança e a diferença entre as letras. Exemplo: a letra B tem a "barriga" voltada para a direita e a "perna" para cima. Evite o excesso de conteúdo para que o aluno tenha melhor compreensão do que é ensinado. Trabalhe com histórias em quadrinhos e peça que ele faça associações entre as ilustrações e o texto, criando alternativas e mudanças na história ou nas imagens.
Dispraxia (disfunção motora)
Incentive a prática de atividades físicas. Elas ajudam a desenvolver a coordenação motora, a orientação espacial e o equilíbrio. Outra dica é o uso da música para aumentar a capacidade de atenção e memorização. Pode ser assim: a cada toque de determinado instrumento musical, os alunos brincam com um objeto ou fazem algum movimento - ao som do tambor, por exemplo, as crianças mexem as mãos. Utilize materiais pedagógicos sensoriais, como letras escritas em pedaços de papel ou em madeira para que a pessoa forme palavras.
Surdez
Posicione o aluno na primeira fileira, de preferência, à sua frente. Quando realizar atividades, faça-as em turma para intensificar o vínculo de inclusão. Fale de frente para o estudante para que ele possa ler seus lábios. Diga aos colegas de sala para que façam o mesmo.
Cegueira
Oriente o aprendente sobre a posição do mobiliário e evite mudar os objetos de lugares. Incentive-o a aprender Braille. Ofereça materiais concretos para ajudá-lo a aumentar seu conhecimento. Isso inclui conceitos linguísticos, matemáticos, geográficos. O Instituto Benjamin Constant (www.ibc.gov.br) desenvolve materiais com texturas diferentes para que o aluno possa "ver" utilizando o tato.
Esperar que o mesmo educador seja capaz de abordar diversas necessidades é fantasioso
Evidentemente, há outros aspectos a serem abordados. Muita informação deve ser obtida dos pais e também da equipe - médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas - que atende o estudante. E, claro, do próprio aluno. "Para um estudante com baixa visão, nada melhor do que ele mesmo dizer se há muita ou pouca luminosidade para enxergar o quadro", explica Selma Inês Campbell, autora do livro Múltiplas faces da inclusão (Wak, 2009). Os educadores também são fontes importantes: "Professores de séries anteriores podem nos esclarecer quais habilidades o aluno já desenvolveu", conta.
Difícil aceitação
E quando a pouca informação referente aos estudantes com necessidades específicas parte da turma? Campbell afirma que preconceito vem de desconhecimento, e esclarecer é o primeiro passo. "A escola deve cultivar valores como respeito ao próximo e solidariedade", explica. Vale até uma conversa com a família do aluno.
Vencidas essas dificuldades, que podem ser superadas por ações em conjunto com gestores e demais profissionais do colégio, o professor poderá elaborar atividades para serem realizadas em grupo - no caso dos pequenos, o modelo pedagógico criado pela educadora italiana Maria Montessori (1870-1952), caso ainda não seja utilizado.
"Os materiais montessorianos podem ser manipulados de diferentes maneiras, porque são sensoriais e de conceitos universais, relacionando-se com o todo", explica Cunha. De acordo com o autor, eles foram inspirados na educação especial, mas podem ser usados por todos os alunos.
No método, peças sensoriais geométricas - pirâmides e esferas de tamanhos diferentes -são utilizadas para apresentar a linguagem. Cada uma delas tem uma cor e possui um significado linguístico. Com isso, o aluno pode montar uma frase, juntar um substantivo a um adjetivo, aprender geometria ou até mesmo desenvolver a coordenação motora. "Esses materiais introduzem as sementes do interesse, da qual a criança colherá frutos nas próximas fases da educação", afirma.
Um professor, mil funções
É preciso deixar uma coisa clara: esperar que o mesmo educador seja capaz de abordar diversas necessidades é fantasioso. "Um professor hábil para lidar com surdez não pode ser o mesmo para lidar com cegueira, pois os recursos são diferentes", afirma Campbell. É aquela velha história do músico que sabe tocar um pouco de guitarra, de baixo, de violão, de bateria e de teclado, mas que, na realidade, não é expert em nehuma delas, pois não se especializou em nada. "É condenar tanto o aluno quanto o professor ao fracasso", finaliza.
Fonte: http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social/67/artigo242134-2.asp
domingo, 25 de março de 2012
sábado, 24 de março de 2012
Dislexia: Uma visão psicopedagógica
Tânia Maria de Campos Freitas
Psicopedagoga Clínica.
A psicopedagogia entende por dislexia do desenvolvimento ou evolutiva, como um distúrbio do processo de aprendizagem, já que a deficiência ocorre na dificuldade do indivíduo durante a aquisição da leitura e da expressão escrita. O termo deve ser empregado para aqueles que apresentam uma ineficiência incomum e específica nas habilidades da leitura e escrita, ao longo de seu processo de educação formal, apesar de possuírem potencialidade igual ou superior à média, acuidade auditiva e visual normais, ausência de problemas afetivo-emocionais primários, e de terem sido favorecidos com instrução acadêmica adequada.
O quadro da dislexia, guarda “freqüente correlação biológica” e apresenta “deficiências cognitivas fundamentais de possível origem constitucional,” segundo definição da Word Federation of Neurology,. A base biológica se refere a distúrbios funcionais localizados no hemisfério cerebral esquerdo (área que na maioria dos destros é responsável pelos processos de linguagem, de leitura e escrita), mais especificamente no plano temporal, que apresenta falta da assimetria habitual de tamanho e opera com nítida lentificação.
Embora o corpo teórico nos remeta à afirmação da origem neurológica dos distúrbios cognitivos, em nossa prática clínica os critérios para o diagnóstico e elaboração de um plano de trabalho são mais abrangentes e respeitam além do quadro sintomático, os aspectos psicológicos, familiares e sociais de cada indivíduo. Sara Paín considera “o problema de aprendizagem como um sintoma e que este se configura num estado particular de um sistema que para equilibrar-se precisou adotar este tipo de comportamento.”
Quando utilizamos o material de orientação psicanalítica, fartamente encontrado nas obras de Freud, Melaine Klein, Winnicot e Bion, dentre outros, passamos a ter subsídios para desempenhar este olhar mais apurado e sensível deste ser e de suas dificuldades e para que possamos entender, o quanto os aspectos inconscientes influenciam na aprendizagem e o quanto a harmonia psíquica capacita ou prejudica esta atividade, além de que a própria dificuldade de leitura e escrita é um fenômeno pluridimensional, que não se situa apenas no portador, mas também na família, no professor, nos métodos educacionais, na escola e na sociedade, ou seja, nas múltiplas interações entre eles.
Todavia, o quadro sintomático está expressando claramente que algo não está bem com o sujeito e que precisa ser modificado. Assim, ao término do diagnóstico - sendo caracterizado um quadro de dislexia, o tratamento psicopedagógico vai ser direcionado aos sintomas do indivíduo, visando a superação dos mesmos, já que estes estão impedindo a evolução de seu processo geral de aprendizagem, além de produzirem problemas secundários mais severos que a própria dislexia.
Sabemos que toda criança inicia seu processo de escolaridade desejando aprender, desejando ir bem na escola, como seus demais colegas, irmãos e primos. Ela gostaria de que seus talentos fossem vistos e admirados; ninguém conscientemente, se regozija por vivenciar fracassos e frustrações ao longo de sua vida acadêmica, nenhum jovem fica feliz ao levar seu boletim com resultados insatisfatórios para seus pais.
A intervenção psicopedagógica tem para o disléxico, um caráter de urgência e pode capacitá-lo a ser “senhor de seu destino”, integrando-o dentro da sala de aula como alguém responsável e competente, assim como reintegrá-lo em suas relações familiares e sociais. A reabilitação da leitura dará ao disléxico, condições de adquirir a educação formal, já que em nossa sociedade representam - a leitura e escrita, habilidades básicas, a “chave-mestra” para o conhecimento de si mesmo e do mundo que o cerca.
Sabemos ainda, que o indivíduo quando passa a ter autonomia e independência, começa a obter realizações concretas e estará fortalecendo sua estrutura egóica e sua auto-estima, o que lhe afiança ir reabilitando os demais recursos cognitivos.
A atuação do psicopedagogo busca embasamento constante nos diversos teóricos, visando maior capacitação e compreensão do jovem disléxico que o procura. Busca, sobretudo, técnicas e estratégias de trabalho e de conduta que façam mais sentido para ele; objetiva em suas sessões conhecer, entender e esclarecer o mecanismo manifesto junto dele, seja através de jogos, de vivências e de discussões de temas pertinentes, buscando e permitindo o conhecimento.
Entendemos que pelo fato de serem vivenciadas novas relações interpessoais com o profissional e com o processo de aprendizagem, novos espaços serão criados, permitindo o surgimento de vínculos sadios, estruturados e prazerosos - diferentes dos vividos até então.
Tecnicamente a abordagem de trabalho associa o estímulo e desenvolvimento de suas inclinações naturais, com o resgate das deficiências instrumentais, através de métodos multisensoriais, que partem da linguagem oral à estruturação do pensamento, da leitura espontânea à discussão temática, da elaboração crítica e gerativa das idéias à expressão escrita. Desta forma um sentido efetivo do aprender e do processo de aprendizado começa a ser incorporado.
Mas, voltamos a insistir que o olhar psicopedagógico não deve refletir uma visão reducionista que rotularia o disléxico como um déficit em si mesmo, pois desta forma estaria alimentando sua condição de sujeito identificado de sua família ou mesmo de sua classe.
Desta forma, a atuação da psicopedagogia só encontra real eficiência quando atingir a família do disléxico, incorporando-a ao tratamento, já que esta se apresenta no mínimo contaminada pelos fracassos e sofrimentos de seus filhos, associado às projeções de seus próprios sofrimentos, além das tentativas fracassadas de auxílio. Para tanto, a compreensão do sistema funcional, da dinâmica desta família, se faz necessário para que se possa orientá-la eficientemente. A ação deve se estender à instituição escola, alertando e sensibilizando seus educadores de que o disléxico pode e merece aprender, tal qual outro aluno qualquer, que ele apenas precisa de técnicas e estratégias que o auxiliem nessa jornada. Que o educador possa valorizar não seus erros, mas seus acertos.
Assim, o olhar e escuta psicopedagógicos, entendem a dislexia: sob um viés integrativo, onde importam os aspectos orgânicos e psicodinâmicos do indivíduo, bem como a instituição família e sistema educacional, na figura da escola. A atuação psicopedagógica visa auxiliar a que o sujeito se beneficie com um processo de aprendizagem que lhe seja significativo e prazeroso, num nível compatível às suas reais potencialidades.
Tânia Maria de Campos Freitas
Psicopedagoga Clínica
Professora especialista em distúrbios de leitura, escrita e dislexia
Diretora do CPM – Centro Psicopedagógico Maranhão
Diretora de Eventos Científicos da ABD – Associação Brasileira de Dislexia
Fonte: http://www.dislexia.org.br
quinta-feira, 22 de março de 2012
Principais garantias legais para pessoa com deficiência
- Constituição Federal (art. 23, II e 24, XIV):
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
XIV – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência.
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
II - Cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência.
- Lei Federal 7.853 de 24 de outubro de 1989
Estabelece os direitos básicos das pessoas portadoras de deficiência.
- Decreto 3.956, de 08 de outubro de 2001
Promulga a Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência.
- Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas com Deficiência.
Essa convenção reafirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que constitui um direito da pessoa com deficiência, inclusive, não ser alvo de discriminação, uma vez que dignidade e igualdade são inerentes a todo ser humano.
Os países que assinaram a convenção devem tomar medidas de caráter legislativo, social, educacional, trabalhista ou de qualquer outra natureza que sejam necessárias para eliminar a discriminação. Entre essas medidas estão aquelas para eliminar, na medida do possível, os obstáculos arquitetônicos, de transporte e comunicações que existam, com a finalidade de facilitar o acesso e uso por parte das pessoas com deficiência, introduzindo a noção de acessibilidade.
A convenção esclarece que não é discriminação a diferenciação ou a preferência adotada pelos países para promover a integração social ou o desenvolvimento pessoal das pessoas de deficiência, desde que a diferenciação ou a preferência não limite o direito à igualdade dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação ou preferência.
Fonte: http://arivieiracet.blogspot.com.br
Aspectos Jurídicos . De onde surge o direito à educação das pessoas com deficiência?
O que diz a Constituição Federal?
A nossa Constituição Federal elegeu como fundamentos da República a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, inc. II e III), e como um dos seus objetivos fundamentais a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3º, inc. IV).
Garante ainda expressamente o direito à igualdade (art. 5º), e trata, nos artigos 205 e seguintes, do direito de TODOS à educação. Esse direito deve visar o .pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (art. 205).
Além disso, elege como um dos princípios para o ensino, a .igualdade de condições de acesso e permanência na escola. (art. 206, inc. I), acrescentando que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um. (art. 208, V).
Portanto, a Constituição garante a todos o direito à educação e ao acesso à escola. Toda escola, assim reconhecida pelos órgãos oficiais como tal, deve atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade, deficiência ou ausência dela.
Existe viabilidade prática em se receber TODOS os alunos?
Apenas estes dispositivos legais bastariam para que ninguém negasse a qualquer pessoa com deficiência o acesso à mesma sala de aula de crianças ou adolescentes sem deficiência. Mas o argumento que vem logo em seguida é sobre a impossibilidade prática de tal situação, principalmente diante da deficiência intelectual.
Assim, quando nossa Constituição Federal garante a educação para todos, significa que é para todos mesmo, em um mesmo ambiente, e este pode e deve ser o mais diversificado possível, como forma de atingir o pleno desenvolvimento humano e o preparo para a cidadania (art. 205, CF).
Fonte: http://arivieiracet.blogspot.com.br/
quarta-feira, 21 de março de 2012
Um autista vencedor: Guilherme Flaquer!
Imagem: Arquivo pessoal
Marília Flaquer
Hoje,neste dia tão especial, dedicado a todos com Síndrome de Down, eu particularmente tenho muito o que comemorar pois é o 25º aniversário do meu filho Guilherme Flaquer, diagnosticado com Síndrome de Asperguer (espectro autista).
Não posso dizer que foram anos fáceis, ao contrário, e só quem tem um filho ou filha deficiente é conhecedor das dificuldades pelas quais passamos e passam nossos filhos, do preconceito e da exclusão que os atinge tantas e tantas vezes. No entanto, os momentos de alegria e orgulho superam cada lágrima derramada por nós e por eles.
Meu filho Guilherme foi desacreditado por muitos especialistas, alguns não confiavam sequer que ele concluiria o Ensino Fundamental. Mas, ele foi incansável, nunca se deixou abater, a cada não recebido, a cada derrota, surgia em meu filho uma força imensa. E hoje ao completar 25 anos, vejo em seus olhos a satisfação por ter conquistado tudo o que sempre desejou, a sua insaciável vontade de aprender, de ir além, a sua garra e determinação e mais do que isso vejo no Guilherme a alegria de uma criança em tudo o que faz.
Sei que a batalha não terminou, ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas acredito que o pior passou e que a cada dia mais e mais portas estarão abertas para os deficientes. Este é o nosso sonho, de um mundo onde a exclusão e o preconceito façam parte de um passado vergonhoso e cruel.
Em tempo: meu filho Guilherme é graduado em Tecnologia em Marketing e Gestão de Pequenas e Médias Empresas, tem Pós Graduação em Docência e Didática do Ensino Superior e MBA em Marketing e Vendas, trabalha no setor administrativo de empresa bastante conceituada.
Às mães, pais, avós, avôs, enfim a todos que compartilham essa caminhada e principalmente aos deficientes, deixo como última mensagem a frase que Guilherme sempre repetiu para si mesmo: Eu quero, eu posso, eu consigo!
Feliz Aniversário Gui!!
Marília Flaquer
Hoje,neste dia tão especial, dedicado a todos com Síndrome de Down, eu particularmente tenho muito o que comemorar pois é o 25º aniversário do meu filho Guilherme Flaquer, diagnosticado com Síndrome de Asperguer (espectro autista).
Não posso dizer que foram anos fáceis, ao contrário, e só quem tem um filho ou filha deficiente é conhecedor das dificuldades pelas quais passamos e passam nossos filhos, do preconceito e da exclusão que os atinge tantas e tantas vezes. No entanto, os momentos de alegria e orgulho superam cada lágrima derramada por nós e por eles.
Meu filho Guilherme foi desacreditado por muitos especialistas, alguns não confiavam sequer que ele concluiria o Ensino Fundamental. Mas, ele foi incansável, nunca se deixou abater, a cada não recebido, a cada derrota, surgia em meu filho uma força imensa. E hoje ao completar 25 anos, vejo em seus olhos a satisfação por ter conquistado tudo o que sempre desejou, a sua insaciável vontade de aprender, de ir além, a sua garra e determinação e mais do que isso vejo no Guilherme a alegria de uma criança em tudo o que faz.
Sei que a batalha não terminou, ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas acredito que o pior passou e que a cada dia mais e mais portas estarão abertas para os deficientes. Este é o nosso sonho, de um mundo onde a exclusão e o preconceito façam parte de um passado vergonhoso e cruel.
Em tempo: meu filho Guilherme é graduado em Tecnologia em Marketing e Gestão de Pequenas e Médias Empresas, tem Pós Graduação em Docência e Didática do Ensino Superior e MBA em Marketing e Vendas, trabalha no setor administrativo de empresa bastante conceituada.
Às mães, pais, avós, avôs, enfim a todos que compartilham essa caminhada e principalmente aos deficientes, deixo como última mensagem a frase que Guilherme sempre repetiu para si mesmo: Eu quero, eu posso, eu consigo!
Feliz Aniversário Gui!!
Síndrome de Down
Por Ari Vieira
Síndrome de Down (SD) é uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais, o par 21, por isso também conhecida como trissomia 21.
A SD foi descrita em 1866 por John Langdon Down. Esta alteração genética afeta o desenvolvimento do individuo, determinando algumas características físicas e cognitivas. A maioria das pessoas com SD apresenta a denominada trissomia 21 simples, isto significa que um cromossomo extra está presente em todas as células do organismo, devido a um erro na separação dos cromossomos 21 em uma das células dos pais.
Este fenômeno é conhecido como disfunção cromossômica.
Existem outras formas de SD como, por exemplo: mosaico, quando a trissomia está
presente somente em algumas células, e por translocação, quando o cromossomo 21 está unido a outro cromossomo.
O diagnóstico da SD se realiza mediante o estudo cromossômico (cariótipo), através do qual se detecta a presença de um cromossomo 21 a mais. Este tipo de análise foi utilizado pela primeira vez em 1958 por Jerome Lejeune.
Não se conhece com precisão os mecanismos da disfunção que causa a SD, mas está demonstrado cientificamente que acontece igualmente em qualquer raça, sem nenhuma relação com o nível cultural, social, ambiental, econômico, etc. Há uma maior probabilidade da presença de SD em relação à idade materna, e isto é mais freqüente a partir dos 35 anos quando os riscos de se gestar um bebê com SD aumenta de forma
progressiva. Paradoxalmente, o nascimento de crianças com SD é mais freqüente entre mulheres com menos de 35 anos, isto se deve ao fato de que mulheres mais jovens geram mais filhos e também pela influência do diagnóstico pré natal,que é oferecido sistematicamente às mulheres com mais de 35 anos.
Como a SD é uma alteração cromossômica, é possível realizar um diagnóstico pré natal utilizando diversos exames clínicos como, por exemplo, a amniocentese (pulsão transabdominal do liquido amniótico entre as semanas 14 e 18 de gestação) ou a biópsia do vilo corial (coleta de um fragmento da placenta). Ambos os exames diagnosticam a SD e outras cromossopatias.
Recentemente a prática médica tem incorporado métodos para a determinação do risco de ter um filho com SD, como por exemplo, o exame bioquímico, que se realiza mediante a avaliação dos níveis de substâncias químicas no sangue materno alteradas no caso da SD. Este exame se realiza entre a semana 14 e 17. A ultrassonografia também pode colaborar para detectar a SD, através dos marcadores ecográficos, principalmente da prega nucal, que pode ser medida a partir da décima semana de gestação. Estas últimas intervenções não são consideradas diagnósticas, para isso é
necessário realizar os exames mencionados em primeiro lugar.
Embora as alterações cromossômicas da SD sejam comuns a todas as pessoas, nem todas apresentam as mesmas características, nem os mesmos traços físicos, tampouco as malformações. A única característica comum a todas as pessoas é o déficit intelectual. Não existem graus de SD;a variação das características e personalidades entre uma pessoa e outra é a mesma que existe entre as pessoas que não tem SD.
Cerca de 50% das crianças com SD apresentam problemas cardíacos, algumas vezes graves, necessitando de cirurgia nos primeiros anos de vida.
A intervenção médica pode acontecer com a finalidade principal de prevenção dos problemas de saúde que podem aparecer com maior freqüência na SD. Queremos destacar que a SD não é uma doença e sim uma alteração genética, que pode gerar problemas médicos associados.
Devemos olhar a pessoas com SD em sua singularidade, para que possa ter um pleno desenvolvimento enquanto sujeito.
Questões Éticas
Durante muito tempo a pessoa com Síndrome de Down foi olhada como se
fosse doente ou, ainda, como se fosse uma eterna criança, levando a relações
sociais que dificultavam – ou até impediam – que se desenvolvesse dentro de
suas potencialidades.
Esta situação era um reflexo de algo maior: a ênfase na deficiência e nos seus
aspectos orgânicos, deixando-se em segundo plano a pessoa e seus desejos,
interesses, possibilidades e direitos.
São recentes os sinais que indicam mudanças nessas representações, dos quais precisam ser destacadas a CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (OMS, 2001) e a Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (ONU, 2006; Brasil, 2008), a qual apresentou ao mundo uma nova perspectiva conceitual:
Pessoas com deficiência são aquelas que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (Artigo 1 da Convenção da ONU,) [grifos nossos].
A partir desta definição, a dimensão ética das relações sociais envolvendo pessoas com deficiência incorpora as ações necessárias para a superação das barreiras que as impedem de usufruir dos direitos e deveres de uma vida plena.
Para tanto, os modelos de interação (cotidiana ou profissional) devem deixar de
se pautar no assistencialismo, avançando para modelos de apoio e de respeito aos direitos da pessoa.
Dia Internacional da Síndrome de Down no Brasil
No Brasil, a data foi instituída em 2006, teve grande repercussão em 2007 por dois
motivos: o nascimento de uma filha do então jogador Romário, atual deputado federal
pelo Rio de Janeiro, com grande atuação para os segmentos das pessoas com
deficiência, com este tipo de distúrbio e pela presença de uma personagem na novela “Páginas da Vida”, da Rede Globo. Mas promover a inclusão de alunos com alguma deficiência é ainda um dos principais desafios do educador e muitos profissionais ainda têm dificuldades em administrar essa nova realidade.
Para o diretor da Faculdade de Educação do CEUNSP (Centro Universitário Nossa
Senhora do Patrocínio), Marcel Cardoso, uma das formas mais eficientes de enfrentar a questão é trabalhar o assunto ainda durante a formação do professor. “É uma grande oportunidade para quebrar paradigmas e preconceitos e trabalhar uma nova concepção de educação, menos seletiva e mais inclusiva e humanizadora”, avalia.
terça-feira, 20 de março de 2012
Namoro sério entre jovens com Síndrome de Down
Pessoas com síndrome de Down têm relacionamentos assim... Famílias compartilham experiências e especialistas dão dicas para que, no compromisso entre esses jovens, o amor e a informação superem qualquer barreira ou preconceito.
Por Priscila Sampaio Fotos Ricardo Alcará e Shutterstock
Casal Otavio e Daniela: ambos têm síndrome de Down e namoram há um ano e meio
O que seria só mais um encontro do grupo Vamos Juntos* - dessa vez em um karaokê de São Paulo -, para Luis Otavio Almeida foi um momento especial. Ele conheceu Daniela Aparecida Lamim, olhou para seu rosto e sentiu algo: "Meu coração bateu muito forte, uma emoção que crescia dentro de mim, e ela é linda, mas é mais que isso, ela é legal!", afirma o apaixonado de 31 anos. Já Daniela, de 25 anos, viu o rapaz se aproximar e quando tocou em sua mão sentiu uma forte emoção. "Eu olhei para a boca dele e gostei, achei o Luis muito lindo", diz. Luis Otavio e Daniela têm síndrome de Down e namoram há um ano e meio.
O namoro entre pessoas com a síndrome é comum e saudável. No entanto, alguns pais se veem em uma situação difícil e delicada quando se trata do relacionamento afetivo de seus filhos com Down. Uns aceitam e acham necessário, enquanto outros, por razões diversas, são contra um envolvimento sério, mas aprovam algum relacionamento.
Conceição Maçães, dona de casa e mãe de Kátia, de 34 anos, percebeu que a puberdade da filha chegou aos 8 anos e com ela havia florescido a sexualidade da menina. Aos 16, Kátia apresentou o primeiro namorado para a mãe - a relação durou dois anos, mas ficou somente na escola. "Eu achei engraçado, legal e já sabia que dali não passaria, tanto que ela nunca disse que queria levá-lo em casa e eu também não o convidei. O namoro é uma coisa boa da vida, mas só na escola", diz Conceição.
A mãe não conversou com sua filha sobre sexo. "Nunca falei com ela sobre isso, e não tive esses tipos de diálogos, mesmo porque eu acredito que minha filha não vai passar de namoro de abraço e beijo", afirma.
Sobre casamento e sexo, Conceição é categórica em dizer que é contra. "Sexo para mim é só após o casamento. No caso de Kátia, não quero que ela tenha relacionamento sério, tampouco o casamento. Eu gostava muito da família do primeiro namorado dela, porque pensava igual a mim. Namoro é para se divertir, se distrair."
De acordo com Conceição, Kátia é muito fechada e não dá abertura para uma conversa íntima, o que acaba dificultando um diálogo sobre sua vida emocional.
Outro lado da moeda
Com base na filosofia da abertura, no entanto, Bento Aparicio Zanzini e sua esposa, a publicitária Marivone de Castro Zanzini, conduzem as orientações para o filho Caio, de 23 anos. Seu interesse por meninas começou aos 13. De acordo com a mãe, a sexualidade do rapaz ficou aflorada, e nessa mesma época ele começou a namorar uma colega de escola. A publicitária percebeu o relacionamento em uma carona que ela deu à menina. "Eles estavam no banco de trás e começaram a se beijar e abraçar. Então vi que o carinho era além da amizade."
Preocupado, o pai tomou a frente e teve uma boa conversa com o filho. Zanzini, de forma didática, explicou para Caio como lidar com masturbação, camisinha, relação sexual e regras sociais para o namoro, deforma que matasse a curiosidade do menino. A conversa séria, da qual a mãe não participou, ficou como um segredo entre os homens da casa.
A família é de total acordo com o namoro entre pessoas com síndrome de Down. Segundo Marivone, a liberdade para o namoro é um direito que elas têm, desde que este seja de forma saudável e bem orientada, até mesmo para quando surgir o casamento, com sentimentos verdadeiros. Ela apoiará seu filho se ele casar.
Muitos preferem acreditar que os filhos com Down não sejam capazes de compreender os cuidados necessários para o sexo seguro.
SEM DÚVIDAS
No quadro abaixo estão dicas primordiais para a orientação inicial, quando chega a puberdade e o interesse no sexo oposto:
●O ideal é orientar o adolescente com Down como qualquer outro, tratar com naturalidade, adaptando as informações à realidade dele;
● É importante demonstrar as regras de convivência que devem ser respeitadas conforme o ambiente onde se está;
● Esclarecer sobre o respeito mútuo entre o casal;
● Procurar entender o que realmente a pessoa está sentindo - se é amor, carisma, afetividade pelo(a) namorado(a);
● Estar atento a frustrações que a pessoa com síndrome de Down poderá passar por não ter um amor correspondido;
● Falar sobre o corpo, higiene íntima e esclarecer as dúvidas demonstradas pelo adolescente.
● Os relatos de alguma experiência nem sempre são reais, podem ser fantasias, porém é preciso ficar em alerta, tanto para casos positivos e negativos. Alguns fantasiam o ato da relação sexual, que pode se concretizar;
● Conversar com seriedade e não usar termos infantis;
● Dê privacidade ao casal, mas esteja atento.
● Os pais devem escutar, dialogar e orientar, sempre.
Esclarecer
O livro Para entender síndrome de Down, de Fátima Alves (WAK Editora), ressalta que a criança com síndrome de Down é capaz de alcançar desenvolvimento motor, afetivo, social e cognitivo, desde que seja estimulada e acompanha pelos pais. A autora indica que a qualidade de vida dos Down também se refere a relacionamentos amorosos e que a educação sexual, que envolve aspectos biológicos, afetivos e intelectuais, deve ser clara, pois ajudará a criança a melhor conhecer seu corpo e adquirir informações que repercutirão diretamente em sua conduta. Nesse sentido, a postura do pai Bento Zanzini é altamente recomendada, segundo Fabiane Muniz, mestre em sexologia e uma das colaboradoras do livro de Alves. A especialista afirma que muitos preferem acreditar que os filhos com Down não sejam capazes de compreender os cuidados necessários para o sexo seguro. Por isso, o tema não deve ser tratado apenas nas entrelinhas. É preciso fornecer informações claras e precisas para que sejam assimiladas, até porque quanto mais se esconde algo, mais se permite a fantasia e estimula a curiosidade a respeito.
Quanto mais natural for a reação dos pais, maior será a possibilidade de desenvolvimento sem traumas.
O risco se estabelece quando os pais, por medo de expor o adolescente a riscos físicos e emocionais, preferem negar a existência da puberdade e encaram o filho como uma criança assexuada. Fabiane defende que quanto mais natural for a reação dos pais diante do comportamento (namoro) e da curiosidade sexual dos filhos, maior será a possibilidade de desenvolvimento sem traumas. Independentemente da opinião dos pais - eles serem a favor ou não do relacionamento sério -, a conversa com o adolescente resultará positivamente, estabelecendo limites que os pais acreditarem ser os melhores.
Orientar sempre
Os pais precisam estar atentos à chegada da puberdade da pessoa com síndrome de Down. Não há faixa de idade exata para a chegada dessa fase. No entanto, a psicóloga Angela Maize Alves, especialista em psicologia escolar/educacional e clínica em deficiência intelectual, coordenadora de Psicologia e Empregabilidade da Associação de Desenvolvimento Integral do Down (Adid), afirma que mesmo que as jovens tenham menstruação e os rapazes desenvolvam pelos, não significa que estarão amadurecendo. Por isso é preciso avaliar a situação individual para trabalhar essa mudança. Há 15 anos na instituição, Angela contou que os integrantes da Adid recebem orientações sobre relacionamento, o que envolve a afetividade e a sexualidade. Há também grupos de pais que são orientados sobre como lidar com essa situação. "O que nós recomendamos é que a família, primeiro, se adeque a isso e à realidade que vive. Que o corpo é uma fonte de prazer, que se relacionar é algo do ser humano, que ela saiba proteger seu filho de exposição e vulnerabilidade, como abusos e assédios."
Tabu há tempos
Na opinião da especialista, é comum alguma dificuldade da família em aceitar que seu filho ou sua filha está namorando, que tem um sentimento de amor pelo sexo oposto. Afinal, no nascimento da criança era normal que médicos alertassem para o fato de que a pessoa com Down morreria na adolescência ou viveria somente dentro de casa, sem planos de vida. Foi exatamente o que Eli Nogueira de Almeida, pai de Luiz Otavio e presidente da Adid, escutou do pediatra. "A primeira pergunta que fiz ao médico foi sobre a sexualidade. O profissional disse que Luis não teria apetite sexual. Quando meu filho estava com 15 anos, vi que errou." Luis Otavio apresentou ereção, desejos e sua primeira namorada. Eli Almeida viu-se em uma nova realidade e tratou de cuidar disso. "Eu conversei tudo com ele, desde sobre conhecer uma garota até sobre ejaculação."
* Vamos Juntos é um grupo que reúne pessoas com deficiência intelectual e síndrome de Down, para o lazer (parque, cinema, bares e restaurantes). O intuito é promover o convívio social sem a presença de algum familiar. Os participantes passam a ter compromissos com amigos. Os fundadores José Henrique Gabbay, Lia Ades Gabbay e Maria Fernanda de Almeida, todos com formação ligada à inclusão social, acreditam que esses encontros promovem bem estar no participante e estimulam a independência (supervisionada) da pessoa com deficiência. www.vamosjuntos.com.br
Otavio: "eu amo Dani e tudo nela!"
A união familiar
Mas para que um relacionamento seja positivo, as famílias precisam estar de comum acordo. Não adianta um dos jovens receber todas essas informações e a outra parte não ter qualquer apoio. "Quando o filho conta aos pais que está namorando, uma das primeiras preocupações é saber se a família do namorado ou da namorada concorda com o envolvimento. Nesse momento é necessária muita franqueza, pois o namoro pode chegar ao casamento, e por isso a posição, a verdade, deve ser estabelecida desde o início", conclui Angela Maize.
Uma ponderação que a psicóloga faz é que, se o filho foi estimulado para ser incluído socialmente e ter uma vida comum, a estimulação deve ser global e não excluir o emocional. Essa opinião é partilhada por Eliana Maria de Almeida, mãe de Luis Otavio. Quando o rapaz disse: "Mãe... [um forte suspiro] estou namorando a Dani", a primeira atitude dela foi ligar para a casa da moça. "Conversei com a mãe dela e procurei aproximar as duas famílias. Hoje viajamos juntos e os dois passeiam como qualquer casal de namorados. É um direito fazer projetos de vida e um deles é ter o amor", pensa Eliana.
Era normal que médicos alertassem para o fato de que a pessoa com Down morreria na adolescência
De acordo com a mãe, uma das razões para que as famílias concordem com o relacionamento é fazer com que a pessoa se sinta acolhida na casa e passe a participar de festas e eventos familiares. Isso só traz resultados positivos. "Luis Otavio tem preocupação em se manter bem vestido, em dizer que está feliz e sentir-se como seus irmãos, que também namoram; as diferenças diminuem", finaliza a mãe do rapaz.
Esse é o mesmo ponto de vista de Linalva Regina Lamim, mãe de Daniela. "Ela começou a ter contato com mais pessoas, a ter compromissos, além dos nossos. Ela se sente como seus irmãos, que sempre a trataram como igual. Tanto que ela tem conversado conosco seriamente sobre casamento, assim como os demais."
Namorar, quando os irmãos sem a síndrome também namoram, faz as diferenças diminuírem
Linalva percebeu que a puberdade da Dani chegou aos 18 anos. A partir de então, procurou escutá-la mais e responder a todo tipo de pergunta que a filha fizesse.
O amor
Luis Otavio aprendeu a ser cavalheiro, abre a porta para a Daniela, deixa a moça passar primeiro e a apresenta a todos como sua namorada. Dani, com invejável segurança, afirma que ama seu namorado e diz que gosta do jeito que ele a trata, com "muito carinho". A jovem adora vê-lo de terno e conviver com a família dele, e Luis faz questão da presença da namorada no dia a dia e com um sorriso de orelha a orelha declara: "Eu amo a Dani e tudo nela!".
Fonte: http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social
Por Priscila Sampaio Fotos Ricardo Alcará e Shutterstock
Casal Otavio e Daniela: ambos têm síndrome de Down e namoram há um ano e meio
O que seria só mais um encontro do grupo Vamos Juntos* - dessa vez em um karaokê de São Paulo -, para Luis Otavio Almeida foi um momento especial. Ele conheceu Daniela Aparecida Lamim, olhou para seu rosto e sentiu algo: "Meu coração bateu muito forte, uma emoção que crescia dentro de mim, e ela é linda, mas é mais que isso, ela é legal!", afirma o apaixonado de 31 anos. Já Daniela, de 25 anos, viu o rapaz se aproximar e quando tocou em sua mão sentiu uma forte emoção. "Eu olhei para a boca dele e gostei, achei o Luis muito lindo", diz. Luis Otavio e Daniela têm síndrome de Down e namoram há um ano e meio.
O namoro entre pessoas com a síndrome é comum e saudável. No entanto, alguns pais se veem em uma situação difícil e delicada quando se trata do relacionamento afetivo de seus filhos com Down. Uns aceitam e acham necessário, enquanto outros, por razões diversas, são contra um envolvimento sério, mas aprovam algum relacionamento.
Conceição Maçães, dona de casa e mãe de Kátia, de 34 anos, percebeu que a puberdade da filha chegou aos 8 anos e com ela havia florescido a sexualidade da menina. Aos 16, Kátia apresentou o primeiro namorado para a mãe - a relação durou dois anos, mas ficou somente na escola. "Eu achei engraçado, legal e já sabia que dali não passaria, tanto que ela nunca disse que queria levá-lo em casa e eu também não o convidei. O namoro é uma coisa boa da vida, mas só na escola", diz Conceição.
A mãe não conversou com sua filha sobre sexo. "Nunca falei com ela sobre isso, e não tive esses tipos de diálogos, mesmo porque eu acredito que minha filha não vai passar de namoro de abraço e beijo", afirma.
Sobre casamento e sexo, Conceição é categórica em dizer que é contra. "Sexo para mim é só após o casamento. No caso de Kátia, não quero que ela tenha relacionamento sério, tampouco o casamento. Eu gostava muito da família do primeiro namorado dela, porque pensava igual a mim. Namoro é para se divertir, se distrair."
De acordo com Conceição, Kátia é muito fechada e não dá abertura para uma conversa íntima, o que acaba dificultando um diálogo sobre sua vida emocional.
Outro lado da moeda
Com base na filosofia da abertura, no entanto, Bento Aparicio Zanzini e sua esposa, a publicitária Marivone de Castro Zanzini, conduzem as orientações para o filho Caio, de 23 anos. Seu interesse por meninas começou aos 13. De acordo com a mãe, a sexualidade do rapaz ficou aflorada, e nessa mesma época ele começou a namorar uma colega de escola. A publicitária percebeu o relacionamento em uma carona que ela deu à menina. "Eles estavam no banco de trás e começaram a se beijar e abraçar. Então vi que o carinho era além da amizade."
Preocupado, o pai tomou a frente e teve uma boa conversa com o filho. Zanzini, de forma didática, explicou para Caio como lidar com masturbação, camisinha, relação sexual e regras sociais para o namoro, deforma que matasse a curiosidade do menino. A conversa séria, da qual a mãe não participou, ficou como um segredo entre os homens da casa.
A família é de total acordo com o namoro entre pessoas com síndrome de Down. Segundo Marivone, a liberdade para o namoro é um direito que elas têm, desde que este seja de forma saudável e bem orientada, até mesmo para quando surgir o casamento, com sentimentos verdadeiros. Ela apoiará seu filho se ele casar.
Muitos preferem acreditar que os filhos com Down não sejam capazes de compreender os cuidados necessários para o sexo seguro.
SEM DÚVIDAS
No quadro abaixo estão dicas primordiais para a orientação inicial, quando chega a puberdade e o interesse no sexo oposto:
●O ideal é orientar o adolescente com Down como qualquer outro, tratar com naturalidade, adaptando as informações à realidade dele;
● É importante demonstrar as regras de convivência que devem ser respeitadas conforme o ambiente onde se está;
● Esclarecer sobre o respeito mútuo entre o casal;
● Procurar entender o que realmente a pessoa está sentindo - se é amor, carisma, afetividade pelo(a) namorado(a);
● Estar atento a frustrações que a pessoa com síndrome de Down poderá passar por não ter um amor correspondido;
● Falar sobre o corpo, higiene íntima e esclarecer as dúvidas demonstradas pelo adolescente.
● Os relatos de alguma experiência nem sempre são reais, podem ser fantasias, porém é preciso ficar em alerta, tanto para casos positivos e negativos. Alguns fantasiam o ato da relação sexual, que pode se concretizar;
● Conversar com seriedade e não usar termos infantis;
● Dê privacidade ao casal, mas esteja atento.
● Os pais devem escutar, dialogar e orientar, sempre.
Esclarecer
O livro Para entender síndrome de Down, de Fátima Alves (WAK Editora), ressalta que a criança com síndrome de Down é capaz de alcançar desenvolvimento motor, afetivo, social e cognitivo, desde que seja estimulada e acompanha pelos pais. A autora indica que a qualidade de vida dos Down também se refere a relacionamentos amorosos e que a educação sexual, que envolve aspectos biológicos, afetivos e intelectuais, deve ser clara, pois ajudará a criança a melhor conhecer seu corpo e adquirir informações que repercutirão diretamente em sua conduta. Nesse sentido, a postura do pai Bento Zanzini é altamente recomendada, segundo Fabiane Muniz, mestre em sexologia e uma das colaboradoras do livro de Alves. A especialista afirma que muitos preferem acreditar que os filhos com Down não sejam capazes de compreender os cuidados necessários para o sexo seguro. Por isso, o tema não deve ser tratado apenas nas entrelinhas. É preciso fornecer informações claras e precisas para que sejam assimiladas, até porque quanto mais se esconde algo, mais se permite a fantasia e estimula a curiosidade a respeito.
Quanto mais natural for a reação dos pais, maior será a possibilidade de desenvolvimento sem traumas.
O risco se estabelece quando os pais, por medo de expor o adolescente a riscos físicos e emocionais, preferem negar a existência da puberdade e encaram o filho como uma criança assexuada. Fabiane defende que quanto mais natural for a reação dos pais diante do comportamento (namoro) e da curiosidade sexual dos filhos, maior será a possibilidade de desenvolvimento sem traumas. Independentemente da opinião dos pais - eles serem a favor ou não do relacionamento sério -, a conversa com o adolescente resultará positivamente, estabelecendo limites que os pais acreditarem ser os melhores.
Orientar sempre
Os pais precisam estar atentos à chegada da puberdade da pessoa com síndrome de Down. Não há faixa de idade exata para a chegada dessa fase. No entanto, a psicóloga Angela Maize Alves, especialista em psicologia escolar/educacional e clínica em deficiência intelectual, coordenadora de Psicologia e Empregabilidade da Associação de Desenvolvimento Integral do Down (Adid), afirma que mesmo que as jovens tenham menstruação e os rapazes desenvolvam pelos, não significa que estarão amadurecendo. Por isso é preciso avaliar a situação individual para trabalhar essa mudança. Há 15 anos na instituição, Angela contou que os integrantes da Adid recebem orientações sobre relacionamento, o que envolve a afetividade e a sexualidade. Há também grupos de pais que são orientados sobre como lidar com essa situação. "O que nós recomendamos é que a família, primeiro, se adeque a isso e à realidade que vive. Que o corpo é uma fonte de prazer, que se relacionar é algo do ser humano, que ela saiba proteger seu filho de exposição e vulnerabilidade, como abusos e assédios."
Tabu há tempos
Na opinião da especialista, é comum alguma dificuldade da família em aceitar que seu filho ou sua filha está namorando, que tem um sentimento de amor pelo sexo oposto. Afinal, no nascimento da criança era normal que médicos alertassem para o fato de que a pessoa com Down morreria na adolescência ou viveria somente dentro de casa, sem planos de vida. Foi exatamente o que Eli Nogueira de Almeida, pai de Luiz Otavio e presidente da Adid, escutou do pediatra. "A primeira pergunta que fiz ao médico foi sobre a sexualidade. O profissional disse que Luis não teria apetite sexual. Quando meu filho estava com 15 anos, vi que errou." Luis Otavio apresentou ereção, desejos e sua primeira namorada. Eli Almeida viu-se em uma nova realidade e tratou de cuidar disso. "Eu conversei tudo com ele, desde sobre conhecer uma garota até sobre ejaculação."
* Vamos Juntos é um grupo que reúne pessoas com deficiência intelectual e síndrome de Down, para o lazer (parque, cinema, bares e restaurantes). O intuito é promover o convívio social sem a presença de algum familiar. Os participantes passam a ter compromissos com amigos. Os fundadores José Henrique Gabbay, Lia Ades Gabbay e Maria Fernanda de Almeida, todos com formação ligada à inclusão social, acreditam que esses encontros promovem bem estar no participante e estimulam a independência (supervisionada) da pessoa com deficiência. www.vamosjuntos.com.br
Otavio: "eu amo Dani e tudo nela!"
A união familiar
Mas para que um relacionamento seja positivo, as famílias precisam estar de comum acordo. Não adianta um dos jovens receber todas essas informações e a outra parte não ter qualquer apoio. "Quando o filho conta aos pais que está namorando, uma das primeiras preocupações é saber se a família do namorado ou da namorada concorda com o envolvimento. Nesse momento é necessária muita franqueza, pois o namoro pode chegar ao casamento, e por isso a posição, a verdade, deve ser estabelecida desde o início", conclui Angela Maize.
Uma ponderação que a psicóloga faz é que, se o filho foi estimulado para ser incluído socialmente e ter uma vida comum, a estimulação deve ser global e não excluir o emocional. Essa opinião é partilhada por Eliana Maria de Almeida, mãe de Luis Otavio. Quando o rapaz disse: "Mãe... [um forte suspiro] estou namorando a Dani", a primeira atitude dela foi ligar para a casa da moça. "Conversei com a mãe dela e procurei aproximar as duas famílias. Hoje viajamos juntos e os dois passeiam como qualquer casal de namorados. É um direito fazer projetos de vida e um deles é ter o amor", pensa Eliana.
Era normal que médicos alertassem para o fato de que a pessoa com Down morreria na adolescência
De acordo com a mãe, uma das razões para que as famílias concordem com o relacionamento é fazer com que a pessoa se sinta acolhida na casa e passe a participar de festas e eventos familiares. Isso só traz resultados positivos. "Luis Otavio tem preocupação em se manter bem vestido, em dizer que está feliz e sentir-se como seus irmãos, que também namoram; as diferenças diminuem", finaliza a mãe do rapaz.
Esse é o mesmo ponto de vista de Linalva Regina Lamim, mãe de Daniela. "Ela começou a ter contato com mais pessoas, a ter compromissos, além dos nossos. Ela se sente como seus irmãos, que sempre a trataram como igual. Tanto que ela tem conversado conosco seriamente sobre casamento, assim como os demais."
Namorar, quando os irmãos sem a síndrome também namoram, faz as diferenças diminuírem
Linalva percebeu que a puberdade da Dani chegou aos 18 anos. A partir de então, procurou escutá-la mais e responder a todo tipo de pergunta que a filha fizesse.
O amor
Luis Otavio aprendeu a ser cavalheiro, abre a porta para a Daniela, deixa a moça passar primeiro e a apresenta a todos como sua namorada. Dani, com invejável segurança, afirma que ama seu namorado e diz que gosta do jeito que ele a trata, com "muito carinho". A jovem adora vê-lo de terno e conviver com a família dele, e Luis faz questão da presença da namorada no dia a dia e com um sorriso de orelha a orelha declara: "Eu amo a Dani e tudo nela!".
Fonte: http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social
Universidade de Curitiba barra TCC voltado à inclusão de pessoas com deficiência
Rafael Bonfim
Nesse mês uma aluna do último ano de Administração me procurou para conversar sobre o seu trabalho de conclusão de curso. Ela teve a ideia de desenvolver o projeto de um bar completamente preparado para receber pessoas com deficiência e que use desse preparo como diferencial para atrair a clientela. O projeto foi barrado e impedido de continuar, pelos seguintes motivos:
• O empreendimento não teria mercado. Pessoas com deficiência não frequentam casas noturnas, bares e afins.
• As pessoas com deficiência não dispõem de recursos financeiros para usufruir desse serviço.
• As pessoas sem deficiência se sentiriam desconfortáveis em um estabelecimento voltado para deficientes.
Alguém mais, além de mim e dessa aluna, discorda completamente disso?
O bar iria contar com rampas de acesso, cardápios em braile, um profissional com domínio de Libras, banheiros adaptados e as mesas seriam dispostas visando a boa circulação de cadeira de rodas. Era nesse conjunto de medidas que a aluna estava apostando para apresentar um negócio inovador, requisito pontuado pela orientação.
Além disso, a aluna trabalharia com a norma NBR-9050, da ABNT, que estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.
É espantoso ver que uma postura como essa está dentro de uma universidade, sendo transmitida para futuros administradores. Dizer que deficiente não sai. Afirmar que um projeto que visa inclusão é uma perda de tempo. Reafirmar preconceitos.
Que tal avaliar o projeto como algo sim inovador, que visa atender uma clientela ainda não contemplada? Se a pessoa com deficiência não freqüenta estabelecimentos noturnos, por se sentir mal acolhida, podemos propor um espaço que mude esse conceito, não podemos?
Eu debati recentemente aqui no blog o aumento do número de pessoas com deficiência no Brasil, tendo duas referências principais: o IBGE e o DPVAT. De acordo com o Censo do IBGE 2010, o Brasil tem hoje cerca de 45 milhões de pessoas que apresentam algum tipo de deficiência. Em 2000 esse grupo chegava 24,5 milhões.
Casos de invalidez permanente, entre pessoas vítimas de acidentes de trânsito se multiplicaram por quase cinco entre 2005 e 2010, passando de 31 mil para 152 mil por ano. E esse número não parou de aumentar. Até setembro de 2011, já eram 166 mil casos, segundo o DPVAT, seguro obrigatório pago por proprietários de automóveis. Os dados revelam que a maioria dos acidentados (mais de 70% dos casos em 2011) usava moto e está em plena idade economicamente ativa, entre 18 e 44 anos.
O dado mais pontual que eu encontrei em relação ao poder econômico de pessoas com deficiência veio da Reatech, a segunda maior feira de acessibilidade e reabilitação do mundo, que acontece anualmente em São Paulo.
A expectativa de movimentação de recursos na última edição foi de R$ 550 milhões em negócios, só durante a Feira. Ainda de acordo com a Reatech, o setor de produtos e serviços para reabilitação movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão no País, ao ano, sendo R$ 200 milhões só com vendas de cadeiras de rodas e R$ 800 milhões em automóveis e adaptações veiculares.
Público para o empreendimento existe sim e dinheiro também. Temos bares em diferentes bairros, para diferentes classes, com diferentes preços. E tem bolso para tudo também.
Desenvolver um bar que fosse modelo em adaptação e atendimento à pessoa com deficiência tem a ver com cumprimento de normas técnicas, com sustentabilidade (uma vez que ele contempla o pilar social e o pilar cultural), apresenta oportunidades legais de marketing e comunicação com o público e agregaria valor ao bairro e à cidade. É um ótimo exercício e poderia perfeitamente ser aceito.
Mas não, ao invés disso, o profissional que tem como função fomentar ideias para o futuro foi conservador e tolheu uma proposta diferente, vinda de uma estudante com vontade de quebrar um paradigma, de arriscar.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/blog/inclusilhado
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