Fonte:Banco de Imagens
Paulo Henrique Fernandes Silveira é membro do corpo docente do programa de pós-graduação stricto sensu em Filosofia da Universidade São Judas Tadeu e professor no Colégio Miguel de Cervantes em São Paulo.Neto do sociólogo Florestan Fernandes.
Entrevista concedida a Marcelo Silveira Flaquer
Marcelo – Na sua opinião, há a necessidade efetiva de planejamento escolar ou é uma ação ineficaz?
Paulo Henrique – Nos colégios onde lecionei filosofia no Ensino Médio, os professores sempre fizeram planejamento de área e de aula. Além disso, fazemos o planejamento de ciclo, ou seja, de todo o Ensino Médio. Acho fundamental estes três planejamentos, pois eles são uma maneira de implementar uma filosofia de ensino. No fim do ano, os professores e a coordenação discutem o que foi positivo nesses planejamentos.
Marcelo – Por onde devemos iniciar o planejamento?
Paulo Henrique – Meu planejamento de aula começa com os objetivos que eu desejo alcançar com minha disciplina. Por exemplo, se eu desejo que os alunos desenvolvam seu senso crítico, procuro textos de filósofos que instiguem o debate em sala de aula, e que provoquem interesse e curiosidade.
Marcelo – Você acredita que nos dias de hoje o planejamento ainda é utilizado como instrumento sutil de controle, ou seja, cumprindo um papel ideológico?
Paulo Henrique –Sem dúvida, especialmente, o planejamento escolar poderia ter um papel ideológico. Seria importante a direção, a coordenação e os professores discutirem e elaborarem um plano comum. Em muitas escolas, os professores têm formações políticas e religiosas diversas, o que impede, creio, que o planejamento assuma um único enfoque ou perspectiva.
Marcelo - Em caso positivo, então estamos vivemos uma “pseudodemocracia”?
Paulo Henrique-Nos casos de escolas ou de um sistema de ensino onde o planejamento seja imposto pela direção há o risco sim de termos uma ditadura ideológica.
Marcelo - Nesse contexto, o planejamento e o projeto pedagógico têm relação?
Paulo Henrique – Sim, o projeto oferece as diretrizes fundamentais para a discussão e a elaboração dos planejamentos.
Marcelo – Para você, quais são as maiores dificuldades que o Brasil enfrenta na área da educação?
Paulo Henrique –O principal problema que percebo no terceiro grau e na pós-graduação, além da dificuldade dos alunos pagarem seus cursos e a condução para ele, é a falta de tempo para freqüentarem a biblioteca e estudar, uma vez que a grande maioria trabalha desde a juventude. Enfim, além do governo facilitar o ingresso do aluno nas Universidades, com o PROUNI, por exemplo, seria importante ele oferecer Estágios remunerados (em todas as áreas) que permitam ao aluno ter tempo para os seus estudos.
Marcelo – Você acredita que o planejamento pode implicar na possibilidade efetiva de transformação da realidade educacional?
Paulo Henrique –Um planejamento no sistema de ensino sim. Seria importante que os governantes conhecessem de perto a realidade dos alunos em todas as etapas de sua formação, que oferecessem salários justos aos professores, e que admitissem a necessidade dos alunos terem tempo livre para estudar, não apenas aos domingos. Uma curiosidade, em grego, o tempo livre para pensar, para ser cidadão, para criar, chamava-se “skholê”, ou seja, escola. Uma sociedade democrática deve cultivar o tempo livre, e a educação depende deste tempo livre.
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